As manifestações bolsonaristas exigindo, dentre outras coisas, novas eleições e intervenção militar, se espalharam em diversas cidades brasileiras a partir da vitória dos trabalhadores com a candidatura de Lula, que derrotou neste domingo o candidato do golpe, Jair Bolsonaro. Com participação de caminhoneiros diversas vias foram trancadas, sobretudo nas regiões sul e sudeste do país, com reivindicações igualmente reacionárias.
Contudo, o que mais vem chamando atenção a respeito destas manifestações não é a mobilização bolsonarista, que se coloca como um movimento à parte que neste momento não é apoiado pela burguesia. O exército ignora os atos, Bolsonaro se manteve em declarações amenas, enquanto a imprensa burguesa chama explicitamente de “antidemocráticas” as manifestações e exige a ação do aparato de repressão do Estado. No entanto, frente a toda esta situação a esquerda mais uma vez não adota uma política própria.
Frente as manifestações, a posição oficial da esquerda pequeno-burguesa vem sendo exigir dos estados e do governo federal a ação conjunta do aparato de repressão da burguesia. Primeiro foi a PRF, agora a PM e as Guarda Municipais estão sendo utilizadas para reprimir os manifestantes. Termos como “baderneiros”, “criminosos”, “terroristas” e até mesmo definir uma manifestação, seja como for, de “anti-democrática” são termos típicos da política burguesa de repressão aos trabalhadores.
A esquerda confia à PRF, PM e ao próprio exército o combate ao fascismo? Na prática, estas organizações se mostraram justamente o antro de organização principal do fascismo no país, como pode inclusive ser visto nas operações realizadas no segundo turno das eleições. A PM que assassina o povo negro e trabalhador diariamente na favela, agora é democrática e necessária? Com esta política sem princípios a esquerda apenas favorece os aparatos de repressão do Estado.
É necessário se contrapor às manifestações fascistas não com o método ditatorial da burguesia, mas sim com a mobilização dos trabalhadores. Em defesa do governo Lula é preciso organizar a população para sair às ruas e garantir assim, o resultado expresso nas eleições. A repressão contra o bolsonaristas hoje apenas abre as portas para uma repressão, e muito pior, contra os trabalhadores e os movimentos populares quando estes saírem às ruas.
Não é o voto, como já ficou claro, muito menos a PM, que derrotarão o fascismo. É a mobilização dos trabalhadores e a luta da classe operária nas ruas que garantirá a vitória popular. Qualquer outro caminho levará apenas ao fortalecimento da própria extrema-direita, que está intrinsecamente ligada aos aparatos de repressão do Estado e desenvolverá uma onda de repressão contra a própria população.