As imensas dimensões territoriais fazem do Brasil um país extremante complexo no que se refere ao transporte escolar. Além de ter uma péssima qualidade, geralmente esse serviço, que em sua maior parte já foi terceirizado, é ofertado de forma de forma irregular. É o que está ocorrendo na Terra Indígena (TI) Rio Branco, na região do município de Alta Floresta do Oeste, em Rondônia.
Lá, conforme denunciam os pais de alunos indígenas que precisam do transporte escolar para irem à escola, o único ônibus que passa dentro da aldeia teria tido sua rota alterada e agora os alunos precisam percorrer mais de 1 km dentro da TI para ter acesso a um transporte.
“Antes eles pegavam o ônibus na região do Bom Jesus, mas a prefeitura retirou e colocou um ponto que estendeu 1 km a mais, para os alunos caminharem a pé até conseguir o transporte”, disse o pai de dois alunos, Márcio Aruá, em entrevista à imprensa local.
O município, que é governado pelo prefeito Gio Damo (Podemos), rebate a denúncia é afirma que a falta de transporte não “condiz com a realidade”, uma vez que a Prefeitura possui dois veículos tipo ônibus, com capacidade superior a 40 lugares, exclusivos para atender a população indígena local.
Mas não é isso que os indígenas da Rio Branco relatam. Segundo eles denunciam, para chegar até a escola, que fica no distrito de Nova Gease d’Oeste, os estudantes, que têm idades entre 7 e 18 anos, precisam caminhar um trajeto por dentro da TI até a divisa com a cidade. Nesse local, conforme os pais, eles pegam uma “carona” em outro veículo escolar.
“Eles já chegaram a pegar chuva esperando ônibus. É algo fora da realidade. Além disso, se os alunos usarem algum veículo para facilitar o caminho, eles não têm onde deixar, correm o risco de perder”, afirma Márcio Aruá.
O indígena explica mesmo havendo uma escola dentro da TI, os jovens querem estudar nas escolas que ficam nas cidades. Segundo Aruá, isso acontece porque a escola dentro da reserva indígena possui um ensino diferente do que é oferecido na cidade.
“O estudo aqui é diferenciado para os indígenas, pois faz parte de um projeto do governo e eles querem que as crianças fiquem aqui dentro. Hoje meus filhos precisam estar preparados para disputar um cargo com as pessoas lá fora e não com os indígenas daqui de dentro. Por isso eles querem estudar e buscar mais conhecimento na cidade”, relata.
Mais uma vez a chaga da educação brasileira é exposta. Com o agravamento da crise capitalista e a voracidade do sistema econômico neoliberal em busca de lucro, a educação pública está sendo ainda mais precarizada. O transporte público, por exemplo, só teve um investimento sério, em 2004, quando o governo do PT na época, criou o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (PNATE), e depois, em 2007, o programa Caminho da Escola.
Os governos burgueses, como no caso do senhor Damo, e do governo estadual, do bolsonarista Marcos Rocha (União Brasil), usam a velha tática de deteriorar o serviço público para depois privatizá-lo. Porém, no caso do município rondoniense, a postura do governo tem sido a de abandono e pouco caso com uma população que é explorada pela direita, que faz dela uma massa de manobra, e pela esquerda pequeno-burguesa, que acha que índio foi feito para fazer cocar e dançar ciranda.
