Desde final de julho, a justiça de São Paulo voltou a autorizar o uso de bandeiras e mastros nos estádios. A proibição ocorreu no ano de 1996 e já iria completar 27 anos. Coincidência ou não, quase todo o período que o governo do PSDB governou o estado com seu autoritarismo conhecido. Era uma medida que usava a suposta “violência” para jogar todo um setor da população mais fanática por futebol, a classe operária, fora dos estádios. Foi o pontapé inicial que marcou o período de perseguição às torcidas organizadas e a expulsão da população trabalhadora dos estádios.
Nesses 30 anos, o projeto de elitização do futebol aumentou vertiginosamente, colocando os preços dos ingressos nas alturas e fazendo com que a torcida de futebol fosse uma classe média elegante que nem ideia tem dos gritos das torcidas. Atualmente, temos valores de ingressos que não baixam de R$ 150,00, o que torna impraticável um trabalhador ir ao estádio com seu filho. Sem falar no absurdo dos valores de consumo dentro do estádio. Sem grito, sem bandeiras e sem mastros, o estádio de futebol tornou-se apático, assemelhando-se a uma partida de tênis.
É importante ressaltar que a volta dos mastros e bandeiras é um produto da luta das torcidas organizadas. Muitas reuniões, discussões e manifestações foram necessárias para que fosse reaberta a pauta e a justiça autorizasse novamente as bandeiras e mastros. Também a própria sobrevivência das torcidas organizadas é um fruto da sua mobilização, pois por muito tempo houveram diversas tentativas de acabar com todas as torcidas organizadas a nível nacional. Elas estão dando a prova que, com a burguesia, só através de mobilização para se ter alguma vitória real.
Cabe agora traçar uma luta para deselitizar os estádios, acabar com a política de sócios, tornar os preços dos ingressos acessíveis aos seus reais esportistas: a classe trabalhadora. É importante também politizar as torcidas no próximo período do governo Lula, visto que a extrema-direita também tentou se aproximar da classe trabalhadora utilizando times populares.
Passado julho, o que vemos são estádios muito mais calorosos e muito mais bonitos com os mastros e as bandeiras. As torcidas organizadas com a charanga fazem o som e iluminam aquele que é o esporte mais popular do planeta. Aquele esporte em que somos Pentacampões e ensinamos os “gringos” a como praticar e popularizar a nossa paixão nacional.