O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse à Reuters na terça-feira (07) que a ofensiva militar da Rússia contra a Ucrânia vai parar imediatamente se Kiev concordar com algumas condições chave.
Segundo o oficial, a Rússia quer que a Ucrânia fixe sua neutralidade em sua constituição, reconheça a Crimeia como território russo e reconheça as repúblicas de Donetsk e Lugansk como estados independentes.
“Eles [os ucranianos] deveriam fazer emendas à sua constituição segundo o qual a Ucrânia rejeitaria os objetivos de qualquer bloco”, disse Peskov.
A participação da Ucrânia em alianças do Ocidente é considerada por Moscou como uma ameaça de segurança inaceitável, e a expansão do bloco foi comparada, pelo Presidente Vladimir Putin, à ideia da Rússia colocar mísseis na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá ou com o México.
A reivindicação de emenda constitucional vem em contrapartida à fixação da garantia de entrada da Ucrânia na OTAN na constituição do país em 2019. Vale lembrar que, durante diversas rodadas de negociação que desembocaram na ofensiva da Rússia, líderes do Ocidente recusaram repetidamente barrar a entrada da Ucrânia na OTAN.
Além disso, Peskov disse à Reuters que a Rússia não está tentando fazer quaisquer outras reivindicações territoriais sobre a Ucrânia, apenas quer que Kiev reconheça a Crimeia como território russo. Nesse sentido, vale lembrar que a Crimeia era uma república autônoma dentro da União Soviética, até que foi cedida à RSS da Ucrânia por Nikita Kruschev em 1954. Mais tarde, a Crimeia votou para se juntar à Rússia em 2014, após várias tentativas da população de se separar da Ucrânia após o fim da URSS.
Por fim, Peskov garantiu que, após alterar a sua constituição e reconhecer a Crimeia como russa, a Ucrânia deve “reconhecer que Donetsk e Lugansk são estados independentes. E pronto. Isto [a guerra] vai parar em um momento.”