Foi ao ar nesse sábado, no Canal da Internet do Companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, mais um programa, Brasil: História e Atualidade, com o tema 100 Anos do PCB. Vale lembrar que neste ano de 2022, no dia 25 de março se comemorou a fundação do Partido Comunista do Brasil (PCB)
O PCB nasceu como um verdadeiro partido operário, de vanguarda, reunindo os elementos mais ativos das lutas proletárias dos primeiros 30 anos do movimento operário moderno do País.
No entanto, o PCB nunca conseguiu elaborar um programa revolucionário. Seus primeiros dirigentes, provenientes do movimento anarquista, mesmo com o avanço em suas concepções políticas representado pela fundação do partido, jamais dominaram a teoria marxista. Isso abriu caminho ao oportunismo e ao controle do aparato da burocracia soviética no partido a partir do ascenso de Stálin ao poder na União Soviética.
Guiando-se pela política contrarrevolucionária de Stálin, o PCB começa a se tornar um outro partido, completamente diferente daquele fundado em 1922. Como todos os partidos comunistas da III Internacional, expurgou de suas fileiras alguns de seus melhores quadros, acusados de trotskismo, de pequeno-burgueses, de agentes da reação etc.
Em sua exposição, Rui Costa, destaca que, muito diferente PCB de 1922, que foi resultado de uma evolução, digamos assim, natural do movimento operário brasileiro, o PCB de hoje é um partido Pequeno Burguês, tem muito pouca coisa a ver com a classe operária.
Temos que considerar também que, depois da fundação do PCB, tivemos o fenômeno catastrófico do stalinismo. O stalinismo praticamente destruiu o PCB de 1922, que foi recriado depois, e que é de fundamental importância levar em consideração essas coordenadas históricas.
O PCB foi fundado em 1922 por um grupo de vanguarda, por militantes de vanguarda da classe operária na época. Esses militantes de vanguarda ultrapassaram a experiência do anarquismo, impulsionados pela Revolução Russa, e eles estavam lutando para efetivamente dar uma organização política para a classe operária brasileira na época, uma vez que o anarquismo tinha sido obstáculos para a organização política, por que o anarquismo é contra a formação de partidos políticos e em geral contra política.
Esse partido foi fundado tardiamente em relação à Revolução Russa de 1917, a terceira internacional de 1918. O PCB foi fundado quatro anos depois da fundação da terceira internacional, podemos verificar então que é um processo retardatário, relação ao conjunto da evolução política dos países mais envolvidos da Europa e até mesmo no caso latino-americano, de alguns países como Argentina, Chile. Esse partido, que foi fundado em 1922, foi rapidamente estrangulado pela ascensão do stalinismo ao poder na União Soviética e, portanto, no controle da terceira internacional em 1925. Na verdade, o stalinismo trabalhou para abortar a possibilidade da construção de um partido operário no Brasil, isso vai evoluindo para uma série de deformações rupturas e crises do PCB em função da política do stalinismo e da controle burocrático do partido.
Em uma nova virada, seguindo a política zigue-zagueante do aparato soviético, a Internacional Comunista vai atrás de Luis Carlos Prestes, típico representante da pequena burguesia nacionalista, dos tenentes, e o impõe à cabeça do PCB. Uma medida que colocou o partido a reboque de elementos estranhos à classe operária. Uma política oficial de transformação de um partido que, dizendo-se marxista, deveria ser um partido operário, em um partido controlado por dentro pelo.
Essa política deságua no equívoco monumental de 1935, uma expressão tardia do Terceiro Período stalinista, que se confundiu com a tática frente-populista que seria adotada nos anos seguintes a nível internacional. O Levante Comunista do PCB-ANL significou a aniquilação do partido e do movimento operário brasileiro por Getúlio Vargas, que logo em seguida (1937) impôs a ditadura semifascista do Estado Novo. Eis o resultado da subordinação dos trabalhadores à pequena burguesia.
Esse levante foi a repetição da política tradicional do nacionalismo pequeno-burguês do tenentismo por parte de um partido que deveria ser um partido operário. Os levantes tenentistas de 1922 e 1924 foram derrotados, mas eles foram uma preparação da revolução de 1930 e do fim da república velha, enquanto 1935 abriu caminho para a instauração da ditadura de 1937, embora seus organizadores devessem ter lutado contra a instalação dessa ditadura.
Tratou-se de um dos maiores desastres da classe operária brasileira, que só pode ser comparado à capitulação vergonhosa diante do nacionalismo varguista levando à derrota histórica de 1964. Não foi um mero erro: os stalinistas do PCB provocaram uma catástrofe. A conta do desastre é toda de Moscou, os militantes que se sacrificaram e morreram lutaram em vão uma luta inglória imposta por Stálin. O ditador contrarrevolucionário jogou os militantes do PCB “na fogueira” para conseguir um resultado fácil, uma irresponsabilidade total dos soviéticos.
Embora a ideia da insurreição tenha sido dos líderes do nacionalismo burguês militar, os soviéticos a aprovaram e a comandaram junto com Prestes.
O PCB se reorganiza em 1943, no mesmo ano em que Stálin dissolve a III Internacional – o que não significou, nem de longe, a independência dos partidos do jugo soviético. Seguindo a aliança de Stálin com o imperialismo “democrático” de Roosevelt e Churchill, o Partido Comunista Brasileiro integra-se completamente ao regime político e apoia o governo de tipo fascista de Vargas em nome da “unidade nacional” contra… o fascismo. Essa foi a “resistência ao fascismo” louvada por Pinheiro: a aliança com a burguesia (a mesma que apoiara o fascismo) em um momento de levante das massas contra a ditadura varguista a fim de abortá-lo, seguindo as traições stalinistas na Itália e na França. Era um novo PCB, um brinquedo da burocracia stalinista amadurecida, controlado por ela através de seus agentes brasileiros que dirigiam o partido.
O companheiro Rui finaliza dizendo que, naquele curto espaço de tempo do programa, logicamente não daria para discutir toda a história do PCB, mas salienta que a história do PCB é muito lamentável, se as pessoas que querem fazer um trabalho sério pela revolução precisam abandonar essa política, como Prestes fez, por exemplo. Não é uma política séria. É uma série de desastre, um atrás do outro; depois da ditadura então, é pior ainda, porque é muito mais direitista. A esquerda toda, por incrível que pareça olhava para o PCB, naquele período, com horror, porque era um partido que estava totalmente defasado da época, e diziam: “como pode ser um partido tão direitista”, mas era o mesmo partido daquela época, a mesma política.
Nesse sentido recomendamos, aos nossos leitores, a acompanhar o programa completo apresentado nesse sábado, 26 de novembro, que se encontra nas nossas redes sociais.