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Análise Política da Semana

Rui analisa os primeiros ministros de Lula e a derrota do Brasil

Rui C. Pimenta analisou as revelações de Elon Musk sobre a censura no Twitter, o golpismo na América Latina, a derrota do Brasil na Copa e os primeiros nomes do Ministério de Lula

Foi ao ar neste sábado, dia dez de dezembro, mais uma Análise Política da Semana, com Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido da Causa Operária. O principal do programa da grade da Causa Operária TV, como sempre, foi especial. Os assuntos políticos mais importantes da semana, tanto da política nacional quanto da internacional, foram abordados e analisados em profundidade à luz da doutrina marxista. Confira aqui um resumo dos temas fundamentais desenvolvidos durante o programa.

As revelações do “Twitter Files”

Como é de praxe, o presidente nacional do PCO começou a Análise com os temas da arena internacional. O primeiro tópico foram as denúncias divulgadas pelo novo proprietário do Twitter, Elon Musk, acerca do mecanismo de censura instaurado dentro da rede social. Elon Musk divulgou arquivos que mostram que o Twitter mantinha uma equipe que se dedicava a censurar, segundo objetivos políticos, pessoas e grupos. Essa equipe, segundo as denúncias, acionavam um dispositivo que reduzia o alcance de postagens, impedia  compartilhamentos, entre outras ações, perfazendo um sistema vasto de censura.

O companheiro Rui Costa Pimenta explica, entretanto, que o mais grave de tudo é a confirmação daquilo que se sabia há muito tempo:

As redes sociais se transformaram em instrumentos do serviço de inteligência dos EUA. Os censores do Twitter se reuniam regularmente com o FBI e os serviços de inteligência, o objetivo era controlar o fluxo de informações dentro das redes. Eles recebiam mensagens para censurar este, aquele ou aquele outro. As redes se transformaram em tentáculos dos serviços de inteligência norte-americanos.”

Rui destacou o fato de que Musk revelou também que essas redes atuaram ativamente durante as eleições, censurando o bloco político trumpista. As investigações mostraram que pelo volume da censura, até o democrata Biden poderia ter sido censurado. Isso mostra que o próprio governo dos EUA encontra-se sob vigilância. “Nós temos aqui uma conspiração que acaba de ser revelada pelo dono da empresa”, disse Rui.

A conclusão traça um diagnóstico a respeito da situação da domínio das redes sociais sobre a internet:

A internet, por uma questão prática, se transformou num virtual monopólio das redes sociais. E essas redes são controladas por meia dúzia de empresas que, por sua vez, são controladas pelos serviços de inteligência do Estado norte-americano. É uma ditadura quase perfeita. Só não é perfeita porque a luta de classes abre várias brechas. Estamos na situação descrita pelo George Orwell no livro 1984.

O golpismo na América Latina

Na sequência o foco da análise se voltou para a América Latina. Rui discutiu os casos da Argentina, onde Cristina Kirchner foi condenada, numa operação jurídica golpista, por administração fraudulenta, e do Peru, em que Pedro Castillo tentou reagir ao golpe da direita no sentido do seu impeachment, mas acabou sendo preso e o poder passou para a sua sucessora, Dina Boluarte. O que esses acontecimentos têm em comum?

O golpe de Estado contra os governos de esquerda e os direitos democráticos está a pleno vapor. Quem falou em onda vermelha na América Latina estava enganado. O que temos é a continuação da política de golpe de Estado. Na Bolívia acontece algo similar. E no México também. Os governos ditos de esquerda ou estão caindo, ou estão periclitando, ou já eram governos cooptados. 

O companheiro afirma que esse panorama é muito importante para compreender a situação política brasileira. O PT é o único governo de esquerda que tem alguma substância e realidade, e ele está isolado. A situação, nesse sentido, é muito desfavorável, e às dificuldades internas do PT devem ser somadas as dificuldades externas. Rui pontua que é preciso tirar lições desses acontecimentos: 

Há uma coisa em comum entre o caso argentino e peruano: eles tentaram contornar a maré golpista através de uma direitização. Ambos os governos tentaram governar com a direita, e não conseguiram nada.

Para o PT, isso significa, em primeiro lugar, que um um governo que aposte na direitização entrará em falência com relativa rapidez. Em segundo, significa que estruturar o governo por meio apenas de manobras institucionais não vai garantir o governo. “Se o PT não chamar o povo a se mobilizar, para apoiar as medidas do governo, o mais provável é que o governo não dure, porque a arremetida golpista está a todo vapor”, conclui Rui.

A derrota do Brasil na Copa

Tema dos mais aguardados, o balanço da atuação da seleção brasileira na Copa também foi objeto de análise. Para Rui, a derrota não se explica por questões técnicas, por essa ou aquela escolha do treinador, esse ou aquele esquema tático, essa ou aquela jogada de tal jogador. O problema é mais complexo. A chave para compreender a derrota do país que dispõe do melhor time e dos melhores jogadores está na pressão exercida pelo imperialismo contra a seleção brasileira.

Sempre que o Brasil colhe resultados negativos em Copas, tem o dedo do imperialismo, porque o imperialismo europeu e norte-americano domina os negócios do futebol. Quando a Itália foi campeã, em 2006, eu li uma matéria numa revista financeira de que o mercado financeiro preferiria que a Itália ganhasse a Copa. Os lucros em várias áreas sobem quando um time europeu ganha a Copa. O mesmo não acontece quando o Brasil ganha. A Copa é um grande negócio. Os capitalistas não vão deixar solta uma atividade da qual sua atividade depende. (…) A pressão do monopólio do futebol contra o Brasil é enorme. Começa a Copa, vai ter interferência. Isso significa que isso vai levar à derrota do Brasil? Na maioria das vezes sim, mas pode ser que o Brasil escape. Essa pressão se manifesta de várias formas. Uma delas é pelo juiz. Tem gente que acha que isso é teoria da conspiração. Mas desde que o futebol existe, sempre houve isso. A violência dentro de campo, contra alguns jogadores, como o Neymar, será que não compraram determinado jogador pra fazer isso? Todo tipo de safadeza existe no esporte, e no futebol mais ainda. A pessoa que fala que não tem interferência no esporte realmente não sabe do que está falando.

Ponto dos mais interessantes da análise, Rui explicou como a pressão imperialista afeta de maneira especial a estrutura emocional e psicológica dos jogadores brasileiros:

O jogador de futebol brasileiro é em 90% dos casos uma pessoa pobre. Alguém com uma educação totalmente diferente da maioria dos jogadores do mundo. O futebol é o esporte da classe trabalhadora. A transformação do futebol de esporte de elite para esporte massas se deu quando a classe operária se apoderou dele. O futebol é uma paixão. Os jogadores vêm do setor mais pobre, mais oprimido, mais sem cultura dessa classe. Os jogadores europeus, mesmo quando vêm da classe operária, seriam no Brasil alguém de classe média. Os jogadores não têm a estabilidade emocional necessária para enfrentar esses problemas. Isso ficou claro no jogo. Quando fizemos o gol, o jogo estava ganho. Essa pressão que a imprensa exerce, que o imperialismo exerce, surte efeito. O que há de comum nas vezes em que fomos campeões? Eram seleções com jogadores experientes, a experiência é muito importante. A seleção de agora tinha muita gente nova. Isso pesa. Somado o juiz…

O futebol, segundo Rui Costa Pimenta, é uma síntese, uma “expressão mais colorida” da situação do Brasil diante da dominação imperialista. Um país com grandes recursos, imensas riquezas, potencialidades infinitas, grande capacidade de desenvolvimento, mas permanentemente saqueado pela burguesia e pelo imperialismo. Diz ele: “O Brasil é como se fosse uma grande vaca leiteira da qual os filhos dessa vaca não aproveitam nada. Ou você reage ou você é cúmplice do roubo. O Brasil é um gigante indefeso”

Os Ministros de Lula

Rui Costa Pimenta fechou a exposição com a análise do significado político dos cinco primeiros indicados para compor os ministérios do governo Lula. Entre os indicados, Flávio Dino assumirá o Ministério da Justiça, Fernando Haddad comandará o futuro Ministério da Fazenda, José Múcio Monteiro comandará o Ministério da Defesa, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), será o ministro-chefe da Casa Civil, e o embaixador do Brasil na Croácia, Mauro Vieira, será o ministro das Relações Exteriores.

Enquanto alguns analistas afirmam que esses nomes compõem o “núcleo duro”  do novo governo, o companheiro Rui afirma, ao contrário, que esses nomes são “o osso mais duro que o governo vai ter que roer.” Com exceção de Haddad, que é do próprio PT e tem uma relação mais próxima com Lula, os demais indicados não merecem a mais remota confiança. Com essas indicações, Lula teria entregado os anéis para não perder os dedos.  Caso particularmente grave é a indicação de Flávio Dino para o Ministério da Justiça. Citemos mais um trecho da Análise:

Temos que ter uma caracterização do que é o Estado brasileiro do ponto de vista da justiça. Se falarmos que o Estado brasileiro é medieval do ponto de vista da justiça estamos fazendo um elogio. A justiça brasileira não descende da justiça medieval portuguesa. A justiça brasileira foi condicionada por uma etapa da história brasileira onde quem mandava era o latifúndio, seja escravagista ou não. O que é a Justiça brasileira? O juiz era um pau mandado dos coronéis. A Justiça não é uma justiça de verdade, em alguns casos ela é relativamente normal (questões comerciais, civis), mas na área do crime ela é medieval, e pior até. Por isso que a polícia, que é um braço da justiça, mata milhares todos os anos e não acontece nada. A legislação, que os juízes nunca respeitam, é draconiana. E hoje temos crimes que surgem da cabeça do juiz. Flavio Dino vai ser um ministro da justiça que vai fortalecer esse monstro que é o sistema judiciário brasileiro.

Para assistir à Análise Política da Semana na íntegra, clique aqui.

O que representa os primeiros ministros de Lula - Análise Política da Semana - 10/12/22

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