Em reunião do diretório nacional do PT, ocorrida na última quarta-feira (13), foram definidas as principais propostas para a candidatura de Lula. Entre as mais comentadas, está a proposta de revogação da reforma trabalhista. Em um primeiro momento, a direita do PT e a burguesia procurou fazer com que o termo utilizado fosse o de “revisão” da reforma, no entanto, após a reunião, a proposta de falar em “revogação” foi aprovada unanimemente.
Evidentemente, o empresariado se mostrou contrariado com a proposta. Para a burguesia e os capitalistas, é importante que o governo possa continuar explorando os trabalhadores o máximo que for possível. A reforma aprovada no governo Temer teve como finalidade liquidar o pouco de direitos que os trabalhadores ainda possuíam no Brasil. A justificativa era que, revogando direitos e, consequentemente, “barateando” a mão-de-obra brasileira, haveria uma diminuição na taxa de desemprego. No entanto, nos dias atuais, em que não só o desemprego está em taxa recorde, mas também a miséria, a fome e todas as outras mazelas que assolam o povo brasileiro, fica evidente que não se tratava de nada disso.
O governo golpista tem como objetivo central acabar, não só com a economia nacional, mas também com as condições de vida de todos os trabalhadores e com as suas instituições representativas, com os sindicatos e os partidos de esquerda. Portanto, é evidente que nada que ele possa propôr tenha como objetivo diminuir o desemprego, a fome ou nada do tipo.
É preciso levar esta política até o fim
A decisão do PT de colocar a questão da revogação da reforma trabalhista em seu programa é acertadíssima. Lula, se eleito, deverá ser consequente com essa política e revogar efetivamente, não só a reforma trabalhista, mas todos os outros ataques que o governo desferiu contra os trabalhadores. Isso inclui reforma da previdência, privatizações, leis repressivas, ataques contra os sindicatos e partidos de esquerda e muitos outros ataques. Todos eles foram fruto de um governo que subiu ao poder através da supressão do direito da população com a derrubada de Dilma Rousseff em 2016 e a eleição fraudulenta de 2018. São, portanto, medidas ilegítimas realizadas por um governo ilegítimo e criminoso.
No entanto, é preciso chamar atenção para o fato de que tudo isso será difícil de realizar com o tucano Geraldo Alckmin ocupando a vice-presidência. Ele, como um dos maiores representantes da política neoliberal que defende tudo isso, é um verdadeiro entrave e peso morto na política de um eventual governo de Lula.
Isso é um demonstrativo do quão contraditória é a candidatura de Lula. Embora, ele esteja em total oposição à burguesia, ele tem como vice, um representante de um dos piores setores da direita golpista – embora ele tenha sido derrotado no último período. Lula procura defender uma candidatura popular e que luta pelos interesses da população por um lado, mas pelo outro, ele procura conciliar com a burguesia golpista. É preciso que os movimentos populares se mobilizem para empurrar sua candidatura à esquerda e faça com que prevaleça a faceta popular e combativa da candidatura de Lula.