Quinta-feira, 8 de dezembro, o Diretório Nacional do PT lançou uma nota sobre os Comitês Populares (leia na íntegra)
“O Diretório Nacional parabeniza os Comitês Populares de Luta pelo papel na organização do trabalho de base e no processo de mobilização que buscou diálogo frequente em torno da agenda de reconstrução do país, tanto antes, como durante a eleição”.
É preciso salientar a importância dos Comitês de Luta. Estamos vendo na América Latina uma outra onda golpista que deve servir de alerta para o governo Lula. A deposição de Castillo, no Peru, e a condenação em primeira instância da vice-presidenta, de Cristinia Kirchner, a seis anos de prisão por “envolvimento em corrupção” é quase uma reprise da Lava-jato.
A direita vai usar de todos os golpes sujos para boicotar o governo Lula e a esquerda precisará estar nas ruas para dar sustentação e garantir a governabilidade.
Alguns já perceberam o que ocorre
Exatamente há um mês, dia 8 de novembro, foi divulgado um vídeo de João Pedro Stédile, dirigente do MST que lembrou da importância dos comitês de luta. Reproduzimos abaixo uma parte de sua fala:
“A natureza das mudanças do governo Lula vai depender da capacidade que nós tivermos como forças populares de seguir organizando o povo para lutar pelas mudanças. Na história da humanidade, nunca houve mudanças sem pressão popular.
Temos pela frente uma missão imediata (dos próximos dois meses) fazer com que todos os comitês populares tenham vida própria, autônoma e que sigam se reunindo. São quase 7000 mil comitês populares articulados em sindicatos, por mandatos, por movimentos populares, por partidos. É importantíssimo que esses comitês se reúnam.
O que fazer nos comitês? Discutir um plano de emergência para o governo Lula. Para isso, é preciso que se façam plenárias dos movimentos populares dos mais diferentes comitês para organizar a vida orgânica desses comitês. Plenárias estaduais e depois uma plenária nacional para aglutinar todas as boas ideias”.
O que diz a nota
Em linhas gerais, a nota diz que “os Comitês acolheram a diversidade dos militantes dos partidos do campo progressista, dos movimentos populares e sindicais para fazer política olhando nos olhos das pessoas nos bairros, esquinas, praças, locais de trabalho e em atividades públicas”. De fato, foi isso que ocorreu, na verdade, em 2021, o Bloco Vermelho, formado principalmente por militantes do PCO e a base petista, começou um trabalho pela candidatura Lula. Agora, esse trabalho precisa ser ampliado e disseminado para o todo o País.
“Os Comitês demonstraram que têm um grande potencial para ampliar as formas de participação política, através do binômio redes e ruas, com a ocupação de territórios nas cidades e nas plataformas de comunicação”. Se considerarmos que há sindicatos da CUT envolvidos nos Comitês, e são praticamente 4 mil sindicatos cutistas, temos aí um enorme potencial, ainda mais contando com MST e inúmeros ativistas sociais espalhados pelo Brasil.
“É tarefa fundamental para o próximo período é reforçar e valorizar o papel dos Comitês Populares como estratégia de ampliar as formas com que o povo possa participar da política nacional e também como forma de disputa dos rumos da sociedade”. Vai ser necessário mais do que isso. É preciso que se crie um calendário para se agendar plenárias para que ali se possa fazer o balanço das atividades e propostas de luta.
O que nos espera
Lula e o PT estão sofrendo uma pressão enorme da burguesia. Vimos todo tipo de chantagem para a formação do ministério. A primeira leva de nomes anunciados não é muito animadora. Pessoas como Flávio Dino, que já foi apoiado até por Aécio Neves e que recebeu apoio de delegados da Polícia Federal, já dão mostras de que o PT não vai ter nomes confiáveis em setores-chave do governo.
Muito a contragosto a direita aprovou o auxílio emergencial por fora do Teto de Gastos. Agora, os bancos, para quem vai mais da metade do orçamento da União, vão manobrar para que não passe mais nada.
A única maneira de se garantir que tenhamos avanços é com o povo nas ruas, e isso só pode ser garantido com os Comitês de Luta bem estruturados.
É preciso olhar para a América Latina para termos uma visão mais precisa do que nos aguarda no próximo período. A classe trabalhadora, se estiver unida e nas ruas é uma força poderosa e é nisso que temos que colocar todos os nossos esforços.
