A ex-primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, anunciou sua demissão nesta quinta-feira (20) após meros 45 dias de governo, um recorde de tempo negativo na história britânica.
O principal motivo de sua saída do governo é o seu plano econômico, que contradizia os interesses do principal setor do imperialismo. Curiosamente, os conservadores são um partido ferozmente imperialista.
Esse fato demonstra o tamanho da crise interna no Partido Conservador, que comanda o governo britânico há 12 anos. De lá para cá, apenas David Cameron terminou o mandato. Theresa May, Boris Johnson e agora Truss tiveram de renunciar antes do final de seus mandatos.
O Partido Conservador está extremamente dividido, tanto é que Truss não recebeu o apoio nem mesmo de seus partidários. Isso se dá em consequência, particularmente, do Brexit, que gerou uma intensa polarização na sociedade britânica e levou ao crescimento da extrema-direita, que tradicionalmente estava organizada dentro dos “Tories”.
Uma rebelião aconteceu dentro do Partido Conservador desde então, a semelhança do que ocorrera no Partido Republicano dos EUA com a ascensão do trumpismo.
O racha no Partido Conservador representa uma erosão do centro político britânico, ou seja, em última análise, do próprio regime político em si. É a expressão britânica da crise capitalista mundial, que está fazendo os regimes tradicionais desmoronarem, como verifica-se por toda a Europa, nos EUA e no Brasil.