Um dos principais desafios que o novo governo de Luís Inácio Lula da Silva terá pela frente será o problema da reindustrialização do Brasil. Como mesmo consta em algumas passagens de sua recente carta feita nas vésperas das eleições, uma das tarefas centrais para o novo governo é a necessidade de romper com a política neoliberal aprofundada no golpe de Estado e colocar em frente uma verdadeira política de desenvolvimento nacional.
Hoje, o Brasil vive um dos piores momentos das últimas décadas em relação a sua produção interna. Segundo dados oficiais do IBGE, a produção industrial do Brasil encontrasse em uma profunda queda, tendo baixa, apenas no mês de setembro, de 0,7% de sua força produtiva. O declínio vem sendo atualizado de mês a mês e já é 2,4% menor do que o patamar encontrado antes da pandemia, em 2019, e é 18,7% menor do que o nível alcançado em maio de 2011, o recorde da linha histórica.
Todas as consideradas quatro grandes categorias econômicas apresentaram significativa queda na produção. Os bens de consumo semi e não duráveis registraram queda de 1,4%, os bens intermediárias tiveram 1,1% de baixa e os bens de capital 0,5%. Entre os principais setores, grandes taxas negativas são vistas em produtos alimentícios (-2,9%), metalurgia (-7,6%) e produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,6%).
Todos estes números representam o enorme processo de desindustrialização que vive o País, um dado aprofundado pelo regime golpista que adota como política central a política imperialista para os países atrasados. Mesmo nos países imperialistas, o principal setor da burguesia, os bancos, não se preocupa no investimento interno e países como a Inglaterra encontram-se em números históricos e alarmantes de desindustrialização. Se nem mesmo nos próprios países o imperialismo quer investir, quem dirá nos países utilizados por ele para o saque de recursos naturais.
Este é o caso do Brasil, que sofre com as abusivas imposições dos bancos e do capital especulativo e vê sua indústria morrer cada dia mais. Neste cenário, a eleição de Lula é fundamental, pois ela abre portas para um programa de reindustrialização brasileiro. É preciso, para isso, um grande aporte financeiro do Estado, investindo com afinco na retomada industrial, um caminho fundamental para maior independência nacional, geração de empregos e luta contra o domínio imperialista.
A derrocada da industria nacional é uma vitória para o imperialismo, os verdadeiros sanguessugas da economia nacional. Assim, é necessário que o governo Lula sirva como reação a este processo. Enquanto a Europa e o imperialismo norte-americano se veem em crise, ainda mais durante a guerra, o Brasil tem grande potencial de crescimento caso o governo adote uma verdadeira política de desenvolvimento nacional, contra os bancos e até mesmo contra os principais setores da burguesia local.