Uma denúncia feita pela Associação dos Funcionários de Furnas, subsidiária da Eletrobras (ASEF), afirmou que os executivos da empresa, após sua privatização, aumentaram seus próprios salários em 3576%.
O maior aumento se deu para os conselheiros da empresa, cujo salário passou de R$5.440,36 para R$200 mil — já o presidente, Wilson Ferreira Júnior, terá um aumento de salário de R$52.300 para R$300 mil.
Essas quantias são retroativas até abril de 2022 e tem validade até março de 2023, data em que será realizada uma nova assembleia geral ordinária com o objetivo de decidir o salário do 1º escalão nessa nova faze da empresa, a privatização.
Ao todo serão gastos R$ 35,9 milhões com os pagamentos. O valor aprovado em abril previa um gasto de R$ 15,4 milhões, menos da metade do que está sendo gasto, apesar de ainda ser um aumento em um salário que já é alto, ainda mais para parasitas.
Tudo isso ocorre em meio a uma grande crise provocada pela privatização da empresa. Foi aberto inclusive um Plano de Demissão Voluntária (PDV) para os funcionários para cortar custos. Ao custo de R$1 bilhão, a medida procura desligar cerca de 2,3 mil trabalhadores aposentados ou que estão perto de se aposentar — algo completamente fora do normal quando observamos o aumento do salário dos patrões.
Não só isso, mas em junho o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) afirmou que, devido à crise e com a privatização, a luz elétrica iria aumentar entre 15% e 25%. De acordo com uma matéria do Yahoo Finanças (Privatização da Eletrobras vai elevar a conta de luz em até 25%, diz Dieese, 08/06/2022): “Isso porque a condição de monopólio e estatal, com participação de 28% na geração de energia e 40% das linhas de transmissão, faz com que a administração da empresa priorize os interesses da coletividade. Já na lógica de corporações privadas, o lucro deve ser levado em consideração.”
Ou seja, a própria imprensa afirma algo que já é óbvio: a privatização é prejudicial ao povo, pois prioriza o lucro, enquanto uma empresa estatal precisa se preocupar em atender à população e, portanto, não interessa se dará algum prejuízo ou não.
De acordo com a mesma matéria citada anteriormente, a Eletrobras é a maior empresa no ramo na América Latina e uma das maiores em produção de energia limpa. Naquela época a empresa era estimada em R$400 bilhões, mas foi vendida por apenas um quarto do valor, ou seja, R$100 bilhões.
Agora, enquanto aumenta o preço da luz elétrica e faz realiza o Plano de Demissão Voluntária, os donos da empresa continuam aumentando seus salários (nada baixos) e priorizam o lucro à necessidade social, como já era esperado de uma privatização.
Não houve melhora de serviços, não houve um lucro para o governo, que perdeu R$300 bilhões por simplesmente querer despachar a imprensa para os capitalistas, sem precisar mais se preocupar com isso, além de atender aos interesses da burguesia, como era esperado do governo Bolsonaro.
Fica claro que a venda da Eletrobras é um verdadeiro ataque a soberania nacional e ao povo brasileiro — primeiro, como já explicado, não existe nenhuma vantagem nem para o Estado, nem para a população ao privatizar uma empresa, apenas para os capitalistas e especuladores.
Quanto a soberania, é evidente que um país não ter controle sobre um elemento fundamental da vida da população é algo absurdo. A energia elétrica nos dias de hoje é essencial para a sobrevivência do ser humano e, no Brasil, ela está na guarda de tubarões capitalistas que, como visto, não se importam nenhum pouco com os problemas colocados.
Quem deve deter não só a energia elétrica, a água, o gás e todas as outras empresas do País é o Estado. Os capitalistas subjugam os trabalhadores e fazem de tudo para que a empresa não trabalhe para o povo, mas sim para eles, para seu lucro e para encher os seus bolsos, passando por cima de qualquer um que esteja atrapalhando, ou seja, principalmente os trabalhadores e a população.