Nessa quarta-feira (22), agentes da Polícia Federal prenderam o ex-ministro do governo Bolsonaro, Milton Ribeiro, acusado de envolvimento em um esquema de liberação de verbas — que ficou conhecido como “gabinete paralelo” — do Ministério da Educação, pasta que ele dirigiu até março deste ano, quando o “escândalo” foi divulgado pelos monopólios da imprensa capitalista.
Tenhamos claro desde já: não estamos diante de nenhuma luta contra a malversação do dinheiro público. A tão festejada “luta contra a corrupção” não passa aqui, como sempre foi, da folha de parreira por detrás da qual se esconde a real luta de interesses econômicos e políticos da sociedade. Estamos em ano eleitoral, e os setores mais poderosos da burguesia têm o seu plano: emplacar o candidato da terceira via.
A prisão de Ribeiro, figura próxima a Bolsonaro, tem o claro objetivo de enfraquecer a candidatura do ex-capitão. Neste exato momento, basta percorrer as páginas dos jornalões da burguesia para ver em toda a parte a discussão em torno do impacto político da prisão do ex-ministro. Ribeiro é o peão da vez. É a peça que a burguesia escolheu derrubar para atingir Bolsonaro. Se ele esteve ou não efetivamente envolvido num esquema de corrupção, pouco importa — o fundamento da sua prisão responde às exigências da política da terceira via, e é isso o que explica verdadeiramente o fato, não qualquer combate à corrupção.
O processo judicial contra o aliado de Bolsonaro seguiu os métodos do lavajatismo. Sem tirar nem pôr. Denúncias vagas, quase pré-montadas, dão lugar a uma caçada judicial na qual os direitos democráticos do povo são ostensivamente atropelados. As mesmas arbitrariedades que marcaram os processos contra os dirigentes do PT nos casos do Mensalão e da Lava Jato estão presentes no processo contra o bolsonarista. Basta citar a facilidade com que a Justiça Federal derrubou a garantia da presunção de inocência, um dos princípios democráticos fundamentais que separam a era medieval da moderna, ao decretar a prisão preventiva de Ribeiro. Para os métodos consagrados pela Lava Jato, o que deveria ser excepcional e raro torna-se normal e regular. Sem qualquer fundamento jurídico real, a prisão do ex-ministro da Educação foi a cartada que a burguesia e seus órgãos utilizaram, no momento, para atacar Bolsonaro a pouco mais de três meses das eleições.
A ação contra Milton Ribeiro mostra mais uma vez que a terceira via é a política prioritária da ala central da burguesia. A temporada de “caça aos corruptos” foi aberta. E ela não trará nenhum benefício para a classe operária, o povo pobre em geral, e suas organizações de luta. Assim como atacam os bolsonaristas, atacam também a candidatura principal da luta contra o golpe, como ficou patente no recente caso do “contador de Lula”. É preciso denunciar permanentemente as manobras sujas da terceira via e não cair no conto do vigário da ilusória luta contra o bolsonarismo que ela tenta passar.