O golpe de estado de 2016 aprofundou a rapina da economia nacional. Milhões e milhões de brasileiros perderam seus empregos ou foram duramente afetados pela reforma trabalhista; hoje, mais de 50% da população trabalhadora está fora do mercado de trabalho ou vive de “bicos”.
Salários miseráveis
Cerca de 35% dos que têm empregos em que recebem até um salário mínimo, míseros R$1.212. E cerca de 90% da população trabalhadora recebe menos de R$3.500. Segundo o Dieese (Departamento intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o salário mínimo necessário para sustentar uma família com quatro pessoas, no mês de abril passado, deveria ser de R$6.754,33, portanto mais de cinco vezes do que o mínimo vigente.
A cesta básica, para uma pessoa, no mesmo mês de abril atingiu o valor astronômico de R$803,99. Uma família, composta por quatro pessoas (dois adultos e duas crianças ou jovens), necessita consumir pelo menos 3 cestas por mês, o que daria mais que o dobro do atual salário mínimo.
Junto com o alto custo de vida, temos uma inflação que não para de crescer.
Pela inflação oficial, em 2018, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Ampliado) foi de 3,75%. Em 2021 essa taxa saltou para 10,06%. Já nos 12 últimos meses, até abril deste ano, chegou a 12,13%.
O IPCA não mede a inflação para as famílias mais pobres (a imensa maioria), pois é calculado de acordo com a variação do custo de vida médio de famílias que recebem entre um e 40 salários mínimos, considerando um peso menor para itens como a cesta básica, fundamentais para a maioria que ganha menos.
Mesmo a Constituição Federal, em seu Artigo 7º, inciso VI, estabelece como um direito dos trabalhadores da cidade e do campo: “salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim”.
Uma questão de vida ou morte
É claro que a luta por um salário mínimo real é um problema de vida ou morte para a classe trabalhadora.
Um problema crucial é que não existe uma campanha verdadeira nem mesmo para a elevação do piso da maioria das categorias, quem dirá com base no que deve ser o salário mínimo vital. O que se vê é apenas demagogia com políticos e até sindicalistas discursando sobre a “melhoria” e “valorização” do salário mínimo” sem sequer apresentar uma proposta concreta que seja capaz de mobilizar os trabalhadores.
Isso apesar do valor do salário mínimo ser algo decisivo em nosso País,implicando na vida de trabalhadores da ativa e aposentados.
Tem que partir justamente da CUT e dos seus grandes sindicatos a defesa de uma grande mobilização nacional em torno da defesa de um salário mínimo que atenda as necessidades da esmagadora maioria dos trabalhadores que sempre estiveram em uma condição absolutamente marginalizada.
A Corrente Sindical Nacional Causa Operária (CSNCO) vêm defendendo a imediata realização de uma grande mobilização nacional em defesa de salário mínimo vital, que teria que ter seu valor deliberado pelas organizações dos trabalhadores e que hoje não poderia ser de menos de R$7.000.
Isso é o que mostra um pequeno estudo da CSNCO sobre o que deve ser o salário mínimo vital, para atender às necessidades de uma família trabalhadora, de acordo com o estabelecido na Constituição.
NECESSIDADE | ESTIMATIVA | OBSERVAÇÃO |
Moradia | 1.650 | Pagamento de prestação ou aluguel de um imóvel de 2 quartos, na periferia (1.200) + IPTU (100) + Água (100) + Luz (200) + Gás (120) + Telefone/internet (150) |
Alimentação | 2.400 | Custo médio de 3 cestas básicas a 800,00 cada |
Educação | 300 | Gastos com material escolar, alunos em escola pública + internet |
Saúde | 300 | Compra de remédios, usando saúde pública (sem plano) |
Lazer | 430 | 2 saídas de fim de semana por mês |
Vestuário | 300 | 8 peças de roupa/calçado por mês por mês |
Higiene | 200 | Produtos de higiene e limpeza |
Transporte | 500 | 4 passagens por dia x 25 dias por semana, ao preço médio de R$5 ou abastecimento de veículo (70l de gasolina a 7 reais) |
Previdência Social | 700 | 11% de contribuição para INSS |
TOTAL | 7.000,00 |
Valores estimados e arredondados
Além disso, na defesa dos salários, é preciso uma mobilização um reajuste imediato de 50% sobre todos os salários e o “gatilho salarial” toda vez que a inflação atingir 3% ou a cada três meses, para que o trabalhador tenha roubado o seu poder de compra.