A Confederação Nacional da Indústria (CNI) emitiu um alerta de risco de desabastecimento e falta de combustível caso as rodovias não sejam liberadas logo. A saída e a entrada de produtos fabricados na indústria já estão sendo afetadas, inclusive o deslocamento dos operários. Transporte de cargas essenciais, insumos para hospitais, matérias-primas para a indústria, tudo está correndo risco de redução drástica, pois 99% das empresas brasileiras usam as rodovias para esse transporte.
A CNI informou em seu portal que a burguesia industrial é contra as manifestações, pois elas afetam os seus negócios e geram prejuízo direto para ela, a única preocupação é o lucro. Diz, além disso, que “A CNI é veementemente contrária a qualquer manifestação antidemocrática que prejudique o país e sua população”.
Destaca também no alerta que “mantém permanente contato com representações setoriais e estaduais a fim de monitorar os impactos dos bloqueios sobre as atividades produtivas do País, bem como interlocução direta com as instituições competentes visando à célere liberação de rodovias federais e estaduais, com a observância da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF)”.
O bloqueio de vias é um método tradicional de protesto dos oprimidos e da esquerda. O conteúdo reacionário da manifestação bolsonarista não pode fazer com que a esquerda adote as concepções repressivas e opressoras da classe dominante. https://t.co/ktW2wnk8Jd
— Rui Costa Pimenta (@Ruicpimenta29) November 2, 2022
A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) igualmente informou que pode ter prejuízos diários superiores a R$ 1,8 bilhão, valor registrado na paralisação feita há 4 anos. Adicionado a isso, informam também que, devido aos impactos causados pela pandemia, estão com estoques em baixa e precisam de reposições constantes, o que está sendo prejudicado já por esse pouco tempo de bloqueios.
“Setores especializados na comercialização de produtos perecíveis tendem, inicialmente, a ser os mais impactados em razão da velocidade mais alta com a qual ‘giram’ esses estoques”, afirma a entidade.
A burguesia industrial informou que em 2018 houve um aviso prévio de que haveria paralisações e bloqueios e que, naquela época, ela teve tempo para estocar o que pudesse por um determinado tempo. Dessa vez não teve aviso nenhum, foi tudo feito de imediato o que pegou toda a burguesia desprevenida. Os prejuízos podem ser catastróficos. Os produtores de frango e suínos informam que os animais já estão sem alimentação e correm risco de morte e cerca de 45% dos empregados já não estão indo trabalhar normalmente.
O governo de Santa Catarina estima prejuízo de até R $36,8 milhões por dia nos setores de suínos e aves. O estado lidera na quantidade de vias total ou parcialmente interditadas, com 36 ocorrências, segundo última atualização da Polícia Rodoviária Federal.
A burguesia não quer pagar a conta por causa do prejuízo causado por manifestações populares, na verdade nem mesmo por qualquer motivo que seja, como foi o caso da pandemia quando os trabalhadores desses setores foram trabalhar normalmente, se arriscaram e muitos morreram. Também não está disposta a pagar a conta resultante desse caos para reconduzir Bolsonaro à presidência.
Bolsonaro: "Gente, somos de direita, não vamos fazer como a esquerda que sempre condenamos". Esquerda pequeno-burguesa: "Gente, somos de esquerda, mas vamos fazer como a direita porque não temos personalidade".
— Rui Costa Pimenta (@Ruicpimenta29) November 3, 2022
Bolsonaro disse em entrevista, direcionado aos manifestantes, para não usarem o mesmo modo da esquerda, que se utiliza de bloqueios de rodovias, com é o caso do MST, e dos indígenas. Uma prova patente de que as manifestações estão sendo feitas por trabalhadores que votaram em Bolsonaro. Não fazem parte da burguesia e não perceberam que Bolsonaro governa para a burguesia.