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Conciliação impossível

Por que a burguesia se preocupa com a “heterodoxia” lulista

A política econômica de Lula não pode conceder o que a burguesia imperialista exige, um confronto é inevitável

A imprensa burguesa vem destinando ataques em sequência à política econômica que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, demonstra que irá seguir em seu governo, a partir do dia 1 de janeiro de 2023. Críticas e pontuações são constantes a respeito dos indicados por Lula e, com destaque, Aloizio Mercadante. Anteriormente, ataques do mesmo teor foram destinados a Guido Mantega que, pela pressão, se retirou dos trabalhos na transição do governo.

As publicações do capital financeiro e do imperialismo caracterizam a política de Lula como “heterodoxa”, uma maneira de ocultar o motivo da crítica, uma palavra de economistas que nada significa para o cidadão comum. Por vezes, ainda chamam os indicados para a área econômica de desenvolvimentistas, algo mais demonstrativo do problema. A chamada Lei das Estatais, aprovada pelo Golpe de 2016, também é utilizada numa busca por impedir indicações para a presidência dessas empresas, como a Petrobrás e o BNDES. Para a petroleira está cotado o senador petista Jean Paul Prates.

Heterodoxia, desenvolvimentismo: e eu com isso?

Lula vem, de maneira reiterada desde sua campanha no segundo turno e, mais intensamente após a vitória eleitoral, garantida por uma grande mobilização dos trabalhadores em atos vermelhos pelo Brasil, falando em reindustrializar o País. O presidente eleito ainda afirma e reafirma a necessidade de se ter uma política para o desenvolvimento, para a ampliação da economia brasileira. Justamente esse é o cerne da questão.

No dia 10 de novembro, mês passado, pouco após a vitória eleitoral, Lula declarou em evento no CCBB em Brasília: “As empresas públicas brasileiras serão respeitadas. A Petrobras não será fatiada, o BB e a Caixa não serão privatizados […] O BNDES, o BNB e o Basa voltarão a ser bancos de investimentos para pequenos e médios investidores”, e disse ainda: “muitas coisas consideradas como gasto, temos que passar a considerar em investimento”, num ataque frontal contra as pressões por cortes nas áreas sociais, a chamada “austeridade fiscal”. As privatizações, os cortes nos direitos do povo, é isso o que a direita considera como “política econômica ortodoxa”. Tudo o que se oponha a isso, chamam de “heterodoxo”.

Sem baixar a cabeça

Mesmo após o fim da campanha eleitoral, o tom do presidente eleito não vem diminuindo, mas se mantém firme contra a política de destruição levada a cabo pelo Golpe de Estado de 2016 e a Fraude Eleitoral de 2018, e defendida pelo imperialismo através da imprensa golpista. No dia 17 de novembro, durante a COP 27, Lula disparou contra a pressão do mercado financeiro, após variação no dólar e na bolsa, manipulados pelos especuladores contra suas declarações anteriores, no dia 10: “Eu nunca vi um mercado tão sensível quanto o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos de [Jair] Bolsonaro.

Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?

Você tenta desmontar tudo aquilo que faz parte do social e você não tira um centavo do sistema financeiro (…). Se eu falar isso, vai cair a bolsa, o dólar vai aumentar, paciência… o dólar não aumenta e a bolsa não cai por conta das pessoas sérias, mas por conta dos especuladores que vivem especulando todo santo dia.

Crise econômica: não há espaço para conciliação

Face à crise, a área econômica não tem espaço para conciliação, não há gordura para queimar e beneficiar o mercado financeiro e os trabalhadores. Os banqueiros buscam a submissão total da economia, e não aceitam menos que isso. Ao mesmo tempo, os trabalhadores estão já na miséria, muitos nas ruas, com a fome e o desemprego assolando o País.

As indicações de Lula para a Economia, em seu mandato, refletem tal cenário de crise. Fernando Haddad (PT) será o ministro da Fazenda, um homem de confiança de Lula. Apesar de sua proximidade com o PSDB, afirmada já pelo próprio Lula, não haverá espaço para aventuras neoliberais pelo quadro que se desenha, e Haddad deve permanecer como uma correia de transmissão da política econômica de Lula na economia. O chamado “mercado” ainda espera para ver qual será a posição do novo ministro.

Ao mesmo tempo, para a presidência do BNDES, outro cargo central na Economia, o indicado é Aloizio Mercadante (PT), outro homem de confiança de Lula. Diferente de Haddad, Mercadante é atacado ferozmente pela imprensa burguesa. No ato de indicação, dia 13 de dezembro, o presidente eleito ainda deu fortes declarações:  “Nós estamos precisando de alguém que pense em desenvolvimento, de alguém que pense em reindustrializar esse país, em inovação tecnológica, na geração e financiamento ao pequeno e médio empresário para que esse País volte a gerar emprego.

Nós somos iguais a todo mundo e nós queremos ser donos do nosso território. Vão acabar as privatizações nesse país. Já privatizaram quase tudo. Vai acabar e vamos provar que algumas empresas públicas vão poder mostrar a sua rentabilidade.

Governar para todos de verdade significa: o crescimento do PIB não é um número para ser utilizado em manchete de jornal. O crescimento do PIB só tem sentido se a gente distribuir o crescimento com aqueles que produziram o crescimento, que é o povo trabalhador desse país.

Logo em seguida, no mesmo dia (13), a presidenta do Partido dos Trabalhadores e deputada federal, Gleisi Hoffmann, disparou: “Não posso me conformar com o que eu ouço de mercado por aí. Que isso é uma gastança, que é absurdo. Onde estava essa gente que não criticou o Bolsonaro quando gastou mais de R$800 bilhões e não estruturou nenhuma política pública para melhorar a vida das pessoas? Eles têm de perguntar é para ele, não para nós. E eles sabem como a gente lida com o orçamento público. Nós sabemos para que o Estado tem de servir, tem de servir às pessoas.

Soberania latina

O próprio Fernando Haddad, mais cedo esse ano, no início de abril, publicou artigo em que defende uma moeda comum para a América do Sul, o SUR. O presidente eleito Lula, no final daquele mês, dia 30, deu declaração em favor de uma moeda comum para a América Latina: Se Deus quiser vamos criar uma moeda na América Latina para não ter esse negócio de ficar dependendo do dólar. Agora em dezembro, Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores de Lula, reforçou a questão de uma moeda comum na América do Sul, dizendo:  “Acho uma ideia boa. Temos de retomar o espírito integracionista e acho que essa é uma força que pode nos ajudar muito.” A discussão foi travada neste Diário, contra um artigo da imprensa imperialista criticando a proposta.

Conflito inevitável

Não apenas os trabalhadores, mas setores da burguesia nacional perderam participação na economia com o Golpe. O cenário político, com o enfraquecimento do imperialismo a nível internacional, ainda projeta uma ala da burguesia nacional, do setor produtivo, que fica refém do mercado financeiro, a se chocar contra as imposições neoliberais, que visam transformar o Brasil numa terra arrasada. Na última Análise Política da 3a, o companheiro Rui Costa Pimenta apontou que “caminhamos para uma crise muito grande, um conflito como o que ocorreu entre 1945 a 1964, entre os setores burgueses que defendiam a economia nacional, e o imperialismo.

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