A campanha virtual que procura expor a militante Lourdes Melo, candidata ao governo do Piauí, traz à tona a enorme distância social entre a esquerda pequeno-burguesa e o povo a quem ela pretende representar. Da parte da direita, que representa os interesses da burguesia, nada mais natural do que menosprezar figuras do povo, como ocorreu com o próprio Lula durante toda sua vida na política eleitoral.
A professora Lourdes Melo é militante no movimento sindical desde a fundação da CUT em 1983. A maranhense, que vive no Piauí desde os anos 70, se tornou protagonista de “memes” por conta de duas intervenções num debate na TV Cidade Verde, afiliada do SBT no Piauí. Numa delas, Lourdes se refere ao ministro do STF que derrubou as redes sociais do PCO como “cabeça de ovo” e na outra, reclamou de estar sendo silenciada ao ser interrompida pelo mediador do debate.
A “piada” consiste basicamente no contraste entre o ambiente estéril da imprensa burguesa e do processo eleitoral com uma trabalhadora, uma militante com décadas de luta social na sua bagagem. Não se trata de um robozinho criado em laboratório para a política eleitoral da burguesia, não teve milhares de reais para fazer “midia training” como o “nova esquerda” Guilherme Boulos. É gente do povo, que impulsiona a política revolucionária do partido nas eleições. Seu vice, Ronaldo Soares, trabalha como garçom.
Entre as pautas defendidas pela companheira está a proibição dos despejos e dos cortes de água e luz para as famílias de trabalhadores desempregados e a redução da jornada semanal de trabalho de 40 para 35 horas, para impulsionar novas vagas de trabalho. Pautas que a esquerda pequeno-burguesa deixa de lado para tentar ser bem aceita pela burguesia, se mantendo numa superficialidade que não dialoga com quem está correndo atrás da sobrevivência a duras penas.
Vindo da esquerda pequeno-burguesa, também não é algo inesperado. Sendo uma classe social intermediária, sem programa próprio, a pequena burguesia oscila entre os dois polos da sociedade atual, a burguesia e a classe operária. Mesmo quando identificados ideologicamente com algum esquerdismo, seu caráter de classe acaba muitas vezes prevalecendo e o esquerdista pequeno-burguês envereda pela direita. Afinal, não são poucos os recursos empregados pela classe dominante para impor sua ideologia através dos monopólios das comunicações, que abrangem a imprensa e até o setor de entretenimento.
O fato de que setores da esquerda pequeno-burguesa tenham embarcado na campanha contra o PCO também está relacionado à própria política do partido. O PCO denúncia sem filtro as picaretagens não apenas da direita, que tem que ser picareta mesmo para defender os patrões contra quem trabalha de fato, mas também da esquerda pró-imperialista e de setores pseudo esquerdistas como os apoiadores do tucano Ciro Gomes.
A picaretagem fica exposta em casos como o da companheira Lourdes, onde a tal “sororidade” não aparece. Assim como não apareceu quando mulheres do PCO são agredidas covardemente, como ocorreu no entrevero com os “militantes” do PSDB em 2021. Por defender um programa revolucionário, o PCO é atacado pela direita. Por denunciar a picaretagem dos setores pró-imperialistas, é atacado pela esquerda. Sinais de que a política que está sendo defendida pelo partido é a correta.
