Em discurso para a equipe de transição, o presidente eleito Lula defendeu a necessidade de aumentar o investimento em áreas fundamentais para os trabalhadores, garantindo acesso à dignidade e aos fins elementares, como saúde e educação públicas. No entanto, o mercado, cuja “mão invisível” toma dos operários seu sustento em nome de uma falsa responsabilidade fiscal, não gostou da postura do ex-metalúrgico.
A imprensa capitalista noticiou que uma pesquisa, feita por um instituto tão relevante quanto sua credibilidade, demonstrou que as pessoas nas redes sociais “seguiram o mau humor do mercado financeiro” com o ex-presidente, à medida que seguiram afirmando que Lula ser contra o teto de gastos é uma pauta impopular. A abordagem da imprensa burguesa é não só inverídica, como mentirosa em níveis escandalosos. Chegaram a defender, inclusive, que responsabilidade fiscal (como eles apelidaram não investir em educação e saúde) significa responsabilidade social.
Lula, por sua vez, sabe que deve acabar com o teto de gastos porque, caso o contrário, o teto de gastos acabará com sua governabilidade. Ele foi eleito, sobretudo, com o apoio popular, dos trabalhadores urbanos e rurais, e o que não pode ser ignorado é exatamente aquilo que não aparece nos porta-vozes da burguesia: a base de Lula é a classe trabalhadora.
Mas, é claro, que quem se revoltará com as falas do ex e futuro presidente são os tubarões da educação, afinal, se tem uma coisa que eles entendem, é de explorar os trabalhadores e a juventude operária. Assim como já acenou que vai fazer, Lula deve seguir firme em não abraçar os empresários na sua política escabrosa de austeridade fiscal, permanecendo no caminho de combate ao teto de gastos e de proximidade aos pobres do País. Para fazer com que o filho do trabalhador que pega duas conduções para ir à fábrica ou ao escritório possa estar estudando, com qualidade e dignidade, é fundamental romper o teto.
Durante o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro, a juventude se levantou contra os inúmeros cortes de gastos que a educação sofreu, chegando a ter universidades e escolas ameaçadas de fecharem por tempo indeterminado devido à falta de verbas. As ruas, escolas e universidades devem ser desde já ocupadas em apoio à postura de Lula de romper o teto que impede que se invista em educação. Os jovens são a vanguarda de um governo operário, mas é fundamental que a UNE e a UBES, dentre as outras organizações, mobilize os estudantes, porque a burguesia não aceitará que o novo governo abandone a política de austeridade fiscal para garantir que o trabalhador tenha acesso às escolas e universidades.
Uma vez mobilizados e politizados, os estudantes e trabalhadores poderão garantir nas ruas uma base sólida para o aumento do investimento na educação e a reversão dos cortes promovidos pelo governo golpista que se instalou no Brasil.