Nesta semana, a Procuradoria Regional Eleitoral (PRE) ingressou com um pedido de impugnação da candidatura de Magno Souza, candidato ao governo do Mato Grosso do Sul pelo Partido da Causa Operária (PCO). Índio guarani, Magno está sendo acusado de, após ter furtado uma bicicleta a 10 anos atrás, não ter cumprido a pena que lhe foi atribuída.
Entretanto, segundo a ferramenta Divulgacand, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que armazena todos os dados dos candidatos, não existe nenhuma acusação ou processo penal contra Magno. No site, inclusive, consta uma certidão que mostra que o nome do candidato está limpo no que diz respeito às suas pendências com a Justiça.
Em suma, Mango é vítima de um processo político que, utilizando de um suposto crime de uma década atrás, procura excluí-lo do processo eleitoral. Aqui, não se pode ter dúvidas: trata-se de uma tentativa de tirar de cena o candidato mais combativo do Mato Grosso do Sul, um verdadeiro representante das reivindicações dos índios que procura levar ao pleito as reivindicações de sua comunidade, denunciando os abusos que sofrem nas mãos dos capitalistas.
Ao mesmo tempo, é preciso destacar o absoluto silêncio da esquerda pequeno-burguesa acerca do caso. Ao invés de saírem em defesa de Magno, denunciando tal processo como uma ação completamente arbitrária, permanecem calados. Querem, nesse sentido, distância de Magno, ignorando-o por completo.
Aonde foram os defensores dos índios? Afinal, Magno é um índio de verdade: mora em uma aldeia absolutamente miserável em conjunto com sua comunidade. Aldeia que é, inclusive, constantemente atacada com tiros, depredações, atropelamentos e todo tipo de estratégia fascista pelas forças armadas da burguesia, como os jagunços e a própria Polícia Militar.
Fica absolutamente claro que todo o falatório da esquerda acerca dos povos indígenas brasileiros não passa de uma grande demagogia. Na hora do “vamos ver”, escolhem ignorar um genuíno representante da luta dos índios, deixando para trás todas as suas bravatas acerca desse assunto.
Finalmente, sua política – identitária – em relação aos índios é, por definição, uma política reacionária que tem como propósito, ao contrário do que dizem, acabar com a verdadeira luta dos povos indígenas. Por isso se calam frente a uma injustiça como a que a burguesia está fazendo contra Magno.
Acima de qualquer coisa, defendem o índio universitário, o índio fabricado em Washington que serve para levar adiante uma política de ataque à soberania brasileira por meio da Amazônia. Algo que, agora ainda mais claro, não possui nenhuma relação com os genuínos índios nacionais.
É o mesmo que fazem com os negros e as mulheres, adquirindo algumas dezenas de minorias de estimação para propagandear uma política com base no “lugar de fala”. Como se figuras defensoras da política imperialista fossem porta-vozes de qualquer setor oprimido dentro da sociedade.
Caso contrário, não hesitariam, sequer, para defender Magno. Todavia, como ele não é um agente do imperialismo, não defende a intervenção dos Estados Unidos no Brasil, não é identitário e, de maneira geral, é uma figura verdadeiramente revolucionária; não merece a sua atenção.