Com o início do confronto entre a Rússia e o governo neonazista capacho dos EUA na Ucrânia a imprensa burguesa iniciou uma campanha gigantesca de demonização de Putin mostrando o sofrimento do povo ucraniano. Por cima da guerra real se estabeleceu uma outra guerra, de informações, nesta todas as tropas do imperialismo foram mobilizadas. Desde a BBC passando pela MSNBC e a CNN e chegando na PIG, Estadão, Folha e O Globo. Mas enquanto essa imprensa noticia 24h por dia o confronto na Ucrânia o que tem a dizer sob os milhões passando fome no Afeganistão? E os milhões de famélicos no Iêmen? E a própria fome no Brasil? É uma hipocrisia para impor a política do imperialismo.
Primeiro é preciso destacar a hipocrisia em relação à própria Ucrânia. O imperialismo organizou um golpe em 2014 baseado em milícias neonazistas que derrubou um governo nacionalista impondo um capacho ao estilo de Michel Temer. As regiões que mais resistiram, Donetsk e Lugansk estavam sendo atacadas há 8 anos por neonazistas em uma verdadeira guerra que matou 14 mil pessoas. A Ucrânia se transformou em uma ditadura dos golpistas e milhões de pessoas fugiram do país nos últimos anos. O sofrimento do povo ucraniano desde o golpe foi totalmente apoiado por todos os órgãos da imprensa que hoje parecem ser seus maiores amigos.
A imprensa imperialista na realidade parece não ter a capacidade de noticiar a existência dos nazistas. Nas centenas de matérias que saem todos os dias não se lê nada acerca do Batalhão Azov, uma das maiores milícias neonazistas, se não a maior e mais armada, do mundo. Ou sobre o Prav Sector ou o partido fascista Svoboda. A imprensa pelo contrário, ao estilo de 1984, afirma que Putin, que luta contra os nazistas, é quem seria o verdadeiro nazista. No dia 03/03 a guerra chegou à Mariupol, cidade portuária de Donetsk e principal foco do Batalhão Azov, nos artigos da PIG nada se falava sobre os neonazistas, apenas sobre os ataques dos violentos indepententistas que tem a absurda reivindicação de expulsar os nazistas de seu país!
O caso da Ucrânia em si já revela o absurdo, contudo ao se levar em consideração as diversas guerras do imperialismo a hipocrisia se mostra sem limites. Só na última semana em que a guerra na Ucrânia se intensificou o imperialismo bombardeou a Síria, a Somália e o Iêmen. Somando as guerras nesses 3 países são mais de 30 anos de um brutal confronto. No Iêmen onde a Arabia Saudita lançou uma guerra genocida financiada pela OTAN 16 milhões de pessoas passam fome, o país passa pela maior epidemia de cólera da história do mundo. Na Síria e na Somália a situação na difere muito, e nem no Afeganistão, mesmo com o fim da guerra.
No Afeganistão em agosto de 2021, após 20 anos de ocupação militar pelos EUA, o Talibã finalmente conseguiu libertar seu país do domínio estrangeiro. Foi uma enorme vitória, a expulsão da maior máquina da guerra da história da humanidade de um país extremamente pobre. Contudo o imperialismo não aceitou de bom grado sua derrota humilhante, imediatamente se iniciou um cerco brutal por meio das sanções econômicas que impede o país de sair do estado de miséria que foi deixado após 20 anos de guerra.
Os números são assustadores, 98% da população está desnutrida, 9 milhões de pesosas estão a beira da fome. São 3,9milhões de crianças com fome, 700mil a mais que no mês de outubro de 2021. De acordo com Andrea Lacomini, a porta-voz da Unicef na Itália, estima-se que 1 milhão de crianças morrerá de fome esse ano no afeganistão. Um milhão de crianças serão assassinadas pelo imperialismo. Os EUA estão matando 2.800 crianças de fome por dia no Afeganistão. Os EUA estão matando 114 crianças de fome por hora no Afeganistão. Os EUA estão matando duas crianças de fome por minuto no Afeganistão. O que a imprensa imperialista tem a dizer sobre isso?
Estimativas da ONU indicam que 250 civis morreram durante a primeira semana após a entrada da Rússia na Ucrânia, ou seja, 1 dia de mortes de crianças no Afeganistão equivale a 10 semanas que guerra na Ucrânia. Para alimentar seus filhos os pais estão vendendo seus rins por cerca de 1.500 dólares, aproximadamente, 7.500 reais. Essa é a realidade no Afeganistão, causada pelo bloqueio econômico imposto pelos EUA, bastaria o imperialismo aceitar a autodeterminação do povo afegão que rapidamente esse massacre cessaria.
A comoção com a Ucrânia não é uma comoção, são lágrimas de crocodilo. Dizem que ao se alimentar de suas presas o réptil lacrimeja em uma espécie de choro macabro. Esse é o choro da imprensa imperialista, suas vítimas massacradas todos os dias são a classe operária mundial. São os afegãos, os sírios, os somalis, os russos, os ucranianos, os brasileiros e os trabalhadores dos próprios países imperialistas. Não devemos respeitar as lágrimas dos repteis que oprimem o mundo, é preciso destruí-los.
Fora o imperialismo da Ucrânia! Todo apoio à Rússia! Pela autodeterminação das Repúblicas de Donetsk e Lugansk! Fim do bloqueio do Afeganistão!
