A via institucional, mesmo antes de começar o governo, já demonstra ser um entrave para o desenvolvimento do governo Lula no cumprimento de suas promessas mínimas aos trabalhadores. A Proposta de Emenda à Constituição da Transição, que iria garantir o Bolsa Família de R$600 com adicional de R$150 por filho, além da recomposição do Farmácia Popular e da merenda nas escolas, foi garfada no Senado em pequena parte, mas passou, agora na Câmara, o governo enfrenta uma confusão.
O Supremo Tribunal Federal resolveu julgar a legalidade do chamado orçamento secreto, aprovado pelo golpista Jair Bolsonaro (PL), justamente no momento em que Lula negociava com a Câmara a aprovação do projeto da PEC. O julgamento pelo STF se tornou um entrave para o centrão, que agora reivindica ministérios de Lula. O futuro governo, no entanto, irá apresentar suas próximas indicações ministeriais apenas após a aprovação da PEC.
A situação demonstra de maneira acabada que o STF fará todo o possível para sabotar o governo e que não dá para simplesmente depender do Congresso. Para levar adiante sua política, Lula não tem opção que não a mobilização dos trabalhadores que garantiram sua vitória nas urnas. Se mesmo a política inicial da PEC está encontrando tamanha resistência, que dirá das reestatizações necessárias, do investimento massivo na reindustrialização do país.
É preciso imediatamente mobilizar as bases trabalhadoras em torno de suas reivindicações. Apenas um movimento forte pode impor ao Congresso as medidas necessárias para garantir o funcionamento do governo. Contra o Congresso e o STF, só as bases operárias impedirão qualquer medida golpista.
Como demonstrado pelos eletricitários, que foram à cerimônia de diplomação de Lula cobrar a reestatização da Eletrobrás, é preciso fazer o mesmo e mais quanto a todas as empresas privatizadas. O Sindipetro-AM já indicou uma campanha pela reestatização da Refinaria Isaac Sabbá, no Amazonas. É preciso uma campanha pela recomposição total da Petrobrás, pela revogação de todas as medidas do golpe de 2016 e da farsa eleitoral de 2018. Somente com uma forte pressão vinda das bases Lula poderá colocar em questão o golpe, e garantir um avanço. Mais que isso, apenas um forte movimento poderá levar o governo Lula a se chocar com a burguesia, como a situação exige.