Nesta quinta-feira (27), o ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso (PSDB) gravou um vídeo, publicado nas redes sociais do Partido dos Trabalhadores (PT), no qual declara que, no segundo turno das eleições deste ano, votará em Lula.
“Meus amigos e minhas amigas, você, que melhorou de vida com o Real e acredita no Brasil, nestas eleições, não tem dúvida, vote no 13, vote no Lula, porque ele vai melhorar mais ainda a sua vida”, disse o presidente de honra do PSDB.
FHC, como é mais conhecido, governou o Brasil tal qual os interesses do imperialismo, aplicando uma política neoliberal que levou o País a uma miséria nunca antes vista. Não é à toa que, ao final de seu segundo mandato, segundo reportagem do Jornal Nacional, 300 crianças morriam de fome por dia, em outras palavras, uma a cada 12 minutos.
Teria o ex-presidente se tornado, portanto, um democrata ao declarar seu apoio a Lula? Decerto que não.
Fato é que o PSDB, como agente político, faliu completamente. O resultado do primeiro turno mostrou que os tucanos já não conseguem mais voar, foram expulsos dos governos da maioria dos estados, incluindo o de São Paulo, o qual dominava por décadas, e perdeu parte expressiva de sua força no Congresso e no Senado.
Ao mesmo tempo, sua administração verdadeiramente genocida criou um sentimento generalizado de repulsa dos trabalhadores brasileiros contra os tucanos. Com isso, precisam criar uma nova imagem se quiserem voltar a ter força na política, precisam fazer com que o povo esqueça de todos os ataques que figuras como FHC fizeram à classe operária. Para tal, precisa do apoio da esquerda pequeno-burguesa, e é justamente aí que entra o seu voto em Lula.
Finalmente, a esquerda pequeno-burguesa, à reboque da política que o imperialismo quer para ela, ignora o marxismo e afirma que as eleições deste ano se resumem a uma luta entre o fascismo e a democracia. Logo, aqueles que apoiam Bolsonaro são fascistas, e ao contrário, democratas. Com essa ideologia reacionária, as direções da esquerda admitiram figuras como Alckmin e Simone Tebet para dentro da campanha de Lula, contribuindo, mais uma vez, para sua reforma política.
Se o trabalhador vê Alckmin ao lado de Lula, por exemplo, é mais plausível para ele que o tucano não seja um inimigo tão grande dos trabalhadores apesar de tudo que ele fez. O mesmo vale para a opressora de índios Simone Tebet, que foi completamente incorporada aos comícios do PT. FHC, nesse sentido, também procura surfar na popularidade de Lula e se reformar como um grande democrata.
Isso fica ainda mais claro levando em consideração o fato de que o tucano declarou seu voto em Lula “nos 45 do segundo tempo”. Fazer toda uma campanha ao longo da duração integral das eleições é uma coisa; gravar um vídeo genérico é completamente outra que, no final, não traz nenhum benefício à campanha do petista.
Por isso, o apoio de FHC a Lula não significa absolutamente nada senão uma artifício para se autopromover frente à esquerda pequeno-burguesa e, assim, tenta impedir que entre de uma só vez para a lata de lixo da história. Acima de qualquer coisa, é um inimigo dos trabalhadores que fez a sua carreira com base no massacre da classe operária. Agora, não será diferente.