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Invasão da Igreja no PR

O jogo identitário: divisionismo e diversionismo

Ação evidencia a oposição dos identitários a levantar uma luta real contra a repressão, contra o regime político de massacre do povo negro e trabalhador

A manifestação convocada para protestar contra racismo e xenofobia, lembrando as mortes do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe e de Durval Teófilo Filho, ambos assassinados no Rio de Janeiro, para a frente do templo religioso, acabou por adentrar na igreja sem que houvesse autorização.

É bom lembrar que a igreja, seja ela qual for, é uma instituição dotada de personalidade jurídica. É, portanto, uma pessoa jurídica de direito privado; devendo seu funcionamento dizer respeito, exclusivamente, aos seus membros, na forma que eles entenderem. Nenhuma organização minimamente progressista, que defenda como o PCO, o princípio da liberdade de religião, pode estar de acordo que pessoas que não integram uma determinada comunidade religiosa, seja ela qual for, invada sem permissão a sede ou local de culto ou tente obstaculizar o funcionamento normal de uma dessas instituições.

Isso, por certo, deve valer como princípio, seja para uma igreja evangélica ou católica, bem como para um terreiro de umbanda, um templo israelita etc.

Obviamente que a direita golpista e sua venal imprensa procuraram tirar proveito do ocorrido para atacar a esquerda de conjunto, como é da natureza de sua política reacionária, mesmo que esses setores não tenham nenhum interesse em defender nem a liberdade de culto e, menos ainda, a liberdade de manifestação. Mesmo que busquem seguidamente fazer uso da manipulação política da fé religiosa de boa parte do povo e usar a religião, como tudo que lhe seja possível, como instrumento de defesa dos interesses de exploração da maioria do povo por um reduzido grupo de tubarões capitalistas, “abençoados” pelas cúpulas religiosas, mercadores da fé e outros capitalistas da religião.

O presidente golpista Jair Bolsonaro (PL), por exemplo, criticou o ato em suas redes sociais e, como outros setores buscou, direta ou indiretamente, responsabilizar o PT. Em seu Twitter, o  fascista amplamente rejeitado por um número cada vez maior de pessoas, inclusive da base religiosa manipulada em favor da sua eleição fraudulenta, escreveu: “acreditando que tomarão o poder novamente, a esquerda volta a mostrar sua verdadeira face de ódio e desprezo às tradições do nosso povo”. Cinicamente, ele, que não respeita nenhum direito do povo, acrescentou: “se esses marginais não respeitam a casa de Deus, um local sagrado, e ofendem a fé de milhões de cristãos, a quem irão respeitar?“. Em mais uma evidência das manipulações e golpes que a direita está disposta a aplicar no processo eleitoral que está por vir.

Chefes religiosos direitistas estão usando o episódio, para apresentá-lo, indevidamente, como um exemplo da política da esquerda, diante da questão das religiões.

Mas a conduta dos dirigentes da invasão da igreja e a política identitária que está por detrás desses acontecimentos, nem de longe pode ser apoiada por aqueles que lutam pelos direitos democráticos do povo. Principalmente por aqueles que lutam pela populações pobre, que diariamente tem seus direitos violados, inclusive o direito ao gozo da liberdade de crença e culto, seja pelos ataques desfechados contra grupos religiosos com menor porte econômico, seja pelo desrespeito aos princípios religiosos dos que não são capitalistas. Um humilde trabalhador do comércio, por exemplo, que tenha como preceito de sua religião não trabalhar aos sábados, não tem esse direito garantido pelos capitalistas e é colocado no olho da rua.

Presente na manifestação, o vereador Renato Freitas (PT) da capital paranaense, afirmou que o episódio teria ocorrido por volta das 18h, já perto do fim da missa e com a igreja, praticamente vazia. E tentou justificar o ocorrido afirmando que o protesto enfrentou oposição de pessoas da Igreja e que isso, supostamente, “gerou uma discussão, um debate, porque é a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito. Uma igreja construída pelos pretos e para os pretos, em 1737, durante a escravidão, porque os pretos não podiam entrar em outras igrejas, reservadas aos brancos na cidade de Curitiba. Essa igreja tem um poder simbólico, uma representatividade, é imbuída de um sentido histórico“. Isso, evidentemente, não explica a invasão e os protestos políticos dentro da igreja, feitos por pessoas que não pertenciam àquela congregação religiosa.

Seria como se um grupo de religiosos reacionários, que não fossem militantes de esquerda, convocassem um ato para a frente de uma sede do PT ou do PCO, por exemplo, e resolvessem invadir o local, só porque os dirigentes de um desses partidos não estivessem de acordo com a manifestação e se lançassem a realizar no seu interior um ato religioso. Algo sem o menor cabimento e uma afronta à liberdade de reunião e organização.

O próprio diretório estadual do Partido dos Trabalhadores se manifestou por meio de nota, na qual afirma que “lamenta o episódio e esclarece que não participou nem da organização nem da decisão de adentrar o templo religioso“.

O episódio mostra claramente para onde levam os métodos e a política identitários, cujos dirigentes vêm se esmerando em realizar atos demonstrativos que não representam luta alguma, ao mesmo tempo em que agem para sabotar as verdadeiras mobilizações contra o regime golpista.

São muitos os exemplos. Enquanto não lutam contra os opressores do presente e até se confraternizam com governos reacionários, como de Doria, que também se disfarça por detrás de uma política identitária, os “esquerdistas” dessas correntes apoiaram a presença de setores da direita nos atos da esquerda pelo Fora Bolsonaro e, por essa via, o fim das mobilizações, por conta da sua política de apoio à frente ampla com a direita golpista, esse setores passaram a “queimar” estátuas, fazer “ocupações” do lado de fora ou em locais permitidos, como fez o movimento dirigido por Guilherme Boulos, em ato do lado de fora da casa de um bolsonarista e na área de visitas da Bolsa de Valores. Ações sempre merecedoras do destaque da imprensa capitalista que adora que a esquerda realize “lutas” que em nada interferem nos interesses da burguesia.

O que a igreja tem a ver com a morte do congolês Moïse? Ou do trabalhador assassinado por um militar no Rio. Absolutamente nada. Ao invés de protestarem pelo fim da polícia, dos aparatos de repressão contra os negros, por políticas públicas efetivas para os negros, eles inventam protestos identitários, vazios, “contra o racismo” que não servem para modificar em nada a situação real de opressão do negro.

Agem, conscientemente ou não, para desviar a luta para transformar o movimento em uma luta divisionista: o problema são os “brancos”, as “mulheres”, os “católicos”, os “evangélicos” etc. ajudando a burguesia golpista a semear a divisão entre os trabalhadores que, em sua grande maioria, não viram com bons olhos esses e outras “performances” da esquerda interessada em aparecer e tirar dividendos eleitorais de uma situação de opressão e massacre que precisa ser enfrentada com uma luta real e não com atos inconsequentes.

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