Os Estados Unidos, Alemanha e a Inglaterra, principais países do bloco imperialista, aglutinados militarmente na OTAN, sob a orientação direta da Casa Branca em Washington, passaram a ampliar freneticamente as chamadas sanções econômicas contra a Rússia.
A retaliação levada a cabo pelas superpotências é uma iniciativa já conhecida por parte de outros países do chamado bloco não-alinhado, aquele grupo de nações que se rebelaram contra a dominação imperialista, como Cuba, Venezuela, Nicarágua, Irã, dentre outros.
O principal objetivo destas sanções é o enforcamento da atividade comercial destes países atrasados de forma a estagnar a atividade econômica e gerar grande sofrimento interno para seus cidadãos levando a uma situação de insatisfação generalizada.
No caso russo, entretanto um aspecto muito importante do comércio entre o país e a Europa entrou em cena. Trata-se do suprimento de gás que a Rússia atualmente fornece aos países imperialistas, o que colocou a nação euroasiática na mira dos principais monopólios do setor energético.
O embate do bloco imperialista contra Moscou deixou claro que o imperialismo precisa tomar conta da economia russa, uma vez que o país é um dos que possui as maiores riquezas naturais do Planeta, riquezas estas que atualmente não se encontram nas mãos do imperialismo.
Os EUA, principal parceiro comercial e militar da União Europeia, não admite o fato de que seus aliados no Velho Mundo estejam numa situação de total dependência do gás da Rússia que fornece 40% de todo o gás natural consumido no continente.
O anúncio da construção do gasoduto Nord Stream II, de propriedade da Gazprom, empresa estatal de gás da Rússia, que proporcionaria um fornecimento ainda maior do combustível para a Alemanha foi a gota d’água para a máquina de guerra norte-americana que passou a arquitetar a dominação deste ativo russo.
Os germânicos importam cerca de 50% de seu gás da Rússia, enquanto Áustria, Hungria, Eslovênia e Eslováquia adquirem juntas cerca de 60% e a Polônia 80%. A situação que se mostra extremamente delicada também deixa claro que este é um dos principais motivos pelos quais o imperialismo quer derrubar Vladimir Putin, uma vez que o presidente russo defende uma política de tipo nacionalista para seu País.
Ao não entregar as reservas de gás para o imperialismo, em especial o norte-americano, Putin impediu que esse bloco controlasse a Rússia totalmente, daí a necessidade de implantar um governo fantoche no país, assim como foi feito no Brasil em 2016, que permitiu que a Petrobras, principal empresa energética nacional, esteja atualmente praticamente privatizada e o petróleo recém-descoberto no Pré-Sal controlado pelo mercado internacional.
O mesmo destino se pretende agora dar às riquezas naturais da Rússia, que vão além do gás natural. Com mais de 17 milhões de quilômetros quadrados, a Rússia é o maior país do planeta, cobrindo mais de um nono da superfície terrestre. O país também possui a nona maior população, com mais de 140 milhões de habitantes.
O gigante faz fronteira com 16 outros países, entre eles Noruega, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia e Polônia, Bielorrússia, Ucrânia, Geórgia, Azerbaijão, Cazaquistão, China, Mongólia e Coreia do Norte, incluindo também as fronteiras marítimas com o Japão, pelo Mar de Okhotsk, e com os próprios Estados Unidos, pelo Estreito de Bering.
Não menos importante, a Rússia detém milhares de rios e corpos d’água, o que torna o país, ao lado do Brasil, um dos maiores detentores de recursos hídricos superficiais do mundo. Apenas os lagos russos armazenam 25% de toda a água doce do planeta, sendo o Lago Baikal o lago de água doce mais puro e com maior capacidade do mundo, com cerca de 20% da água doce superficial da Terra. Dos 100 mil rios do país, o Rio Volga é o mais conhecido, sendo o mais longo da Europa e um dos responsáveis pelo desenvolvimento da sociedade russa. Além dele, os rios Ob, Lenissei, Lena e Amur na Sibéria também figuram entre os maiores do mundo.
Em termos de economia de mercado nada se compara, no entanto com as enormes reservas de petróleo e gás natural que juntos aos metais e a extração de madeira respondem por mais de 80% das exportações russas. O país detém as maiores reservas mundiais de gás natural, a oitava maior reserva de petróleo e a segunda maior reserva de carvão mineral.
Foram estas receitas que possibilitaram à Rússia elevar suas reservas cambiais de 12 bilhões de dólares em 1999, para 597,3 bilhões de dólares em de agosto de 2008, a então terceira maior reserva cambial do mundo.
O país governado por Putin se tornou o maior exportador e o segundo maior produtor de gás natural do mundo, ao mesmo tempo em que é o segundo maior exportador e o maior produtor de petróleo do planeta, posição que disputa com a Arábia Saudita sazonalmente.
A segunda maior rede de gasodutos do planeta pertence à Rússia, perdendo apenas para os Estados Unidos. Além do já mencionado gasoduto Nord Stream II, o projeto South Stream, também transportaria gás natural à Europa. O país também pretende construir o Oleoduto da Sibéria e do Pacífico, levando combustível para o Extremo Oriente, principalmente China, Japão e Coreia do Sul.
Não obstante a Rússia é o terceiro maior produtor de eletricidade do mundo e o quinto maior produtor de energia renovável, muito em razão da presença de grandes hidroelétricas ao longo de grandes rios, como o mencionado Volga.
Além disso, a parte asiática da Rússia também possui um grande número de importantes usinas hidrelétricas, sem contar o potencial hidrelétrico das regiões da Sibéria e do Extremo Oriente. Pioneiro na produção de Energia Nuclear, o país é atualmente o quarto maior produtor de energia nuclear do planeta, cujas operações estão sob a gerência da estatal Rosatom Corporation.
Todo este conjunto de fatores eleva o apetite dos monopólios imperialistas que desejam desesperadamente controlar as empresas russas. As medidas retaliativas atuais porém podem desencadear uma crise brutal de abastecimento da Europa que guiada pelos norte-americanos se vê diante de um dilema: sufocar economicamente seu principal fornecedor energético e correr o risco de ter um apagão no setor em pleno inverno europeu.
A pressão dos EUA sobre seus parceiros já rendeu recordes de importação de gás natural liquefeito de origem norte-americana, numa tentativa da União Europeia de manter um estoque mínimo em caso do corte de suprimento por parte Rússia.
Um estudo do ThinkTank Bruegel afirma ser necessária a redução de 400 terawatts-hora, ou cerca de 10% a 15% da demanda anual da Europa para evitar um apagão e manter as casas europeias aquecidas. A crise é tamanha que para aumentar em apenas 70 terawatts-hora (em gás) o armazenamento energético antes de o frio chegar os europeus teriam que desembolsar ao menos € 70 bilhões, cerca de US$ 79 bilhões.
Ainda assim seria preciso reativar usinas nucleares e recorrer emergencialmente a fontes mais poluentes como o carvão mineral para as termelétricas. Não estaria descartada a redução emergencial da produção industrial e até mesmo o fechamento de fábricas para economizar energia.
Deste modo, a lição que fica é de que é preciso defender a iniciativa Russa de realizar a operação militar especial na Ucrânia e ao mesmo tempo condenar todas as sanções econômicas contra o país.
Nesse momento os russos estão respondendo a uma iniciativa muito agressiva do imperialismo na Ucrânia e em volta da Rússia, o que configura uma ação para reverter uma situação muito complicada. Não se trata de uma invasão com objetivo de ocupação como a mídia capitalista pinta. Putin resolveu intervir, pois percebeu que quando o governo Zelensky aprovou a ideia de entrar na OTAN ele precisava reagir. Se ele não agisse agora, provavelmente a Rússia precisaria entrar em guerra contra a OTAN, cujas consequências para um país atrasado e oprimido seria desastrosa.