No último dia 14, fomos surpreendidos com o navio São Luiz chocando-se contra a ponte Rio-Niterói. Abandonado desde 2016, o navio teve a corrente da âncora rompida, o que deixou a imensa estrutura de aço e ferro à deriva na Baía de Guanabara.
O assunto ganhou notoriedade pela questão ecológica, fortalecida por denuncias de abandonos de navios sem qualquer cuidado ou comunicação à Marinha. Mas, por que há tantos navios abandonados? Esta pergunta não apareceu nas discussões, pois, para respondê-la, a imprensa teria que denunciar o sucateamento de um dos maiores ramos da nossa economia: a indústria do petróleo.
Essa história poderia ter um final diferente com a descoberta do pré-sal, em 2006. No entanto, essa riqueza teve um curto tempo de contribuição à economia brasileira. O golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, em 2016, foi a porta de entrada para grandes leilões de exploração pelo mercado internacional. A pilhagem da nossa indústria petrolífera foi trabalhada por várias frentes, entre elas, a cessão da exploração para industrias estrangeiras, o fechamento das refinarias e a redução do potencial de produção da Petrobrás, que provocou a demissão em massa de trabalhadores do setor.
A diminuição da participação da Petrobrás no controle da cadeia de produção e distribuição refletiu na inatividade de grande quantidade de navios que faziam o transporte de petróleo e gás. Estas embarcações agora são uma ameaça física e ecológica, dada a quantidade residual de óleo que ainda armazenam.
Dados da Agência Nacional de Transporte Aquaviários (Antaq) denunciam que a participação de navios de bandeira brasileira na cabotagem de petróleo e gás vem sendo reduzida desde 2015, chegando ao percentual ínfimo de 4,14% de participação neste setor em 2021. Em 2014, a participação era de 17,55%.
O navio São Luiz que assustou a todos é a concreta e pesada realidade em que foi transformada a nossa indústria petrolífera. Estamos sem tripulação, rumo e porto para ancorar. Reverter imediatamente esta situação deve ser um compromisso do governo Lula, com apoio de todos os trabalhadores do setor e do povo brasileiro para a recuperação e comando de um dos maiores orgulhos do Brasil: a Petrobrás.