A esquerda brasileira, por ocasião da Copa do Mundo, passou a ter uma atitude hostil contra a nossa Seleção, tudo isso capitaneado pela grande imprensa. O alvo preferencial foi o jogador Neymar, apontado como sonegador. Lionel Messi, jogador idolatrado pela esquerda bem-pensante, foi condenado por fraude fiscal na Espanha, o que todos ‘esquecem’ de levar em consideração.
Aos poucos, conforme a competição foi avançando, e com a eliminação do Brasil, começaram a aparecer motivos para se torcer pela seleção francesa. O constrangimento seria inevitável, uma vez que os franceses enfrentariam o Marrocos.
Para fugir do sinuca de bico, alguns apelaram para fato de que o Marrocos seria governando por uma monarquia absolutista. Outro argumento, não menos escorregadio, é que se torceria pelo ‘bom futebol’, se supondo, claro, que os franceses soubessem jogar bola.
Se para se torcer contra ou a favor de determinado país é preciso, antes, investigar seu tipo de governo, temos de considerar também quais são os países que apoiam esse governo. Historicamente, o imperialismo, e a França é um país imperialista, instaurou ou apoiou todo tipo de ditadura sangrenta em suas colônias, pois esses prepostos cuidavam dos interesses coloniais.
É preciso lembrar que, ainda hoje, em pleno século XXI, a França mantém colônias, não com esse nome, pois são chamados de ‘departamentos’. O Marrocos mesmo é ex-colônia francesa e só se libertou em 1956. Mesmo período em que os franceses estavam tendo que tratar da insurreição na Argélia.
Vale a pena a assistir ‘A Balha de Argel’, filme de Gillo Pontecorvo, disponível integralmente no YouTube, que mostra bem como a França agia em suas colônias, o que era de causar inveja a qualquer monarca absolutista.
Voltando à questão do ‘torcer pelo bom futebol’, o fato é que a França foi dominada pelo Marrocos, que não teve um pênalti anotado a seu favor, o que motivou a Federação Marroquina de Futebol (FRMF) a processar a arbitragem por danos causados ao time. E, depois de mais essa interferência do VAR, a seleção francesa chega a uma final de Copa.
Diversidade
Uma outra desculpa para apoiarem a França é a alegação de que se trata de uma seleção mais ‘diversa’. Ora, esse fenômeno ocorre porque os europeus dependem de jogadores de outros países. Na França, por exemplo, muitos dos atletas têm parentesco ou fortes ligações com ex-colônias. Três jogadores franceses nasceram no exterior: Eduardo Camavinga (Angola). Steve Mandanda (República Democrática do Congo) e Marcus Thuram (Itália). E dos 21 jogadores nascidos em território francês, 16 têm dupla cidadania: Areolá (Filipinas), Axel Disasi (Congo), Varane (Martinica), Koundé (Benin), Saliba (Camarões), Upamecano (Guiné-Bissau), Theo Hernández (Espanha), Konaté (Mali), Guendouzi (Marrocos), Tchouaméni (Camarões), Fofana (Costa do marfim), Griezmann (Portugal), Coman (Guadalupe), Mbappé (Camarões), Dembelé (Mauritânia) e Muani (Congo).
Se formos examinar outras seleções, tais como Holanda, Alemanha, Bélgica etc, veremos que o quadro se repete.
Os identitários, que vão torcer pela França pela ‘diversidade’, precisam saber que essas seleções só estão preocupadas em enaltecer a própria nacionalidade à custa de outras. Pois, se gostassem de imigrantes, os países europeus não se empenhariam tanto em afundar barcos ou colocar refugiados que conseguiram sobreviver em verdadeiros campos de concentração.
As famílias desses jogadores, seja de origem argelina, camaronesa, marfinense, ou de outras, seguramente foram tratadas como pessoas de segunda categoria na França.
A desculpa de se apoiar os franceses se parece muito com aquela utilizada para se apoiar o Estado de Israel, dizem se tratar da ‘única democracia do Oriente Médio’ e que ali se respeita as diversidades sexuais. Todo o resto é deixado de lado, a limpeza étnica que estão fazendo na Palestina, a prisão de crianças, o confinamento de milhões de pessoas em Gaza, onde a densidade demográfica está entre as maiores do mundo: 4,5 mil pessoas por km2. Lembrando que as condições de vida beiram à insalubridade.
Jean Wyllys, ex-deputado do PSOL, chegou a comentar no Facebook que a Faixa de Gaza estava sob controle de um grupo terrorista, o Hamas, e que ali não seria um local seguro para um homossexual assumido, como ele. Na verdade, a faixa de Gaza seria segura para quem? O local vive sob bloqueio dos sionistas, faltam remédios e itens básicos para a vida cotidiana, é constantemente bombardeada, a água de seu aquífero não é muito apropriada para o consumo. Mas, o que importa mesmo são as ‘pautas identitárias’.
Desculpas e mais desculpas
Existe uma parte da esquerda que, com vergonha de apoiar abertamente o imperialismo, inventa desculpas para se justificar.
O tal ‘futebol bem jogado’ é uma farsa. A própria Espanha, que foi elevada às alturas por ter o futebol mais ‘tático’, ‘dsiciplinado’, falhou miseravelmente e teve de voltar para casa. Mas ninguém da ‘imprensa especializada’ dá um único pio, ou ‘analisa’ o fiasco tático.
A ‘diversidade’ francesa lembra muito mais os soldados gurkhas. Os gurkhas eram soldados que a Inglaterra imperialista pegava no Nepal e na Índia e os utilizava em suas batalhas. Muita lenda se criou a respeito da ferocidade, lealdade e eficiência desses combatentes. Mas, na realidade, a Inglaterra não dava a mínima para essa gente, que tratava como colonizados.