A eleição para a presidência da República está pautada, sem dúvida nenhuma, pela polarização. De um lado, temos a única candidatura que representa os interesses dos explorados, encarnada na figura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, segundo as últimas pesquisas eleitorais, conta com cerca de 44% de intenções de voto, enquanto que o outro extremo aponta Bolsonaro com 32% de intenções.
Esses números, mesmo sendo uma visão deformada das intenções de votos – todo mundo sabe que as pesquisas são encomendadas por setores da burguesia – sempre vem indicando que, a grande maioria dos explorados do País observam na candidatura Lula uma candidatura classista, ou seja, um representante dos seus interesses.
O índice de popularidade do ex-presidente Lula, diante os trabalhadores e a população explorada do País, é inegável e, significa o atual repúdio aos candidatos da burguesia e, expressa, de forma ainda muito limitada, devida a total distorção provocada pelas próprias características do programa do PT e da frente que a direção do partido vem fazendo com setores marginais da burguesia, que a classe operária tem um interesse totalmente antagônica com a política atual, e quer um governo próprio.
Na contramão das tendências da classe explorada brasileira, em votar no único candidato que tem chances reais de derrotar o golpe, a direção do Partido dos Trabalhadores faz uma campanha que vai no sentido contrário às tendências populares, ao sinalizar com os setores golpistas e tentar não se indispor com setores que foram um dos pilares fundamentais do golpe de Estado de 2016, na farsa do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, na prisão do Lula e que batem continência para as Forças Armadas, pilar fundamental do golpe.
Estão alimentando a esperança de que esses setores possam ser uma alternativa, não das massas, mas da burguesia. A melhor coisa que se poderia dizer a respeito deste mirabolante projeto político – que consiste em opor os interesses dos exploradores menores e dos semi-exploradores da sociedade ao dos grandes exploradores – é que ele é uma experiência já completamente fracassada. No processo do golpe o PSB, o Solidariedade do Paulinho da Força, PV, só para citar alguns exemplos do leque de alianças do PT com setores representantes da burguesia, foram todos favoráveis ao impeachment da presidenta Dilma Rousseff, ao processo da Lava Jato e da prisão do ex-presidente Lula.
Nenhuma dessas figuras, com as quais a direção do PT tenta a todo custo não se indispor, desperta, hoje, o menor entusiasmo nas massas operárias e populares, e até mesmo na militância do partido, que já sabem que nada têm a esperar deles. Nem mesmo a respeito da candidatura de Lula, que é apoiada por um amplo setor dos operários organizados da cidade e do campo, pode-se falar, neste momento, e entusiasmo popular, particularmente em face das péssimas companhias que traz consigo.
Vale lembrar que o regime que deu a “vitória” ao golpe, na qual teve como consequência a eleição de Bolsonaro, continua sendo dominado pelas mesmas pessoas que o controlaram sob a ditadura miliar, pelas mesmas oligarquias políticas, intimamente ligada aos grandes monopólios nacionais e estrangeiros como Paulinho da Força, Geraldo Alckmin, etc.
A direção do PT, para conseguir ser uma alternativa da burguesia, esforça-se para desfigurar completamente a candidatura de Lula como candidatura operária.
Mas, de qualquer forma, na atual situação de crise terminal do capitalismo mundial, a última coisa que o setor da burguesia fundamental imperialista quer, é um governo da esquerda pequeno burguesa nacionalista. O PT pode prometer mundo e fundos para os capitalistas e, mesmo assim irão apoiar os seus candidatos de direita.
Nesse sentido, a candidatura de Lula precisa ser, não uma campanha para agradar a burguesia que não quer ver Lula como presidente da República nem pintado de ouro, mas uma campanha para quem efetivamente pode derrotar o golpe e seus artífices, a classe trabalhadora, através de um programa voltado única e exclusivamente atenda os interesses dos explorados.