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Esquerdismo

MRT: golpistas em 2016, golpistas em 2023?

A esquerda que trata a próxima gestão de Lula, como um governo direitista, está se eximindo de dar o verdadeiro combate político e fazer evoluir a consciências de classe.

Matéria publicada pelo portal Esquerda Diário, do MRT, neste 19 de novembro, “Enfrentar o racismo, o bolsonarismo e as reformas independente do novo governo eleito” , já dá como certo que o governo Lula servirá à burguesia. Essa caracterização é incorreta, pois deixa de lado o caráter da candidatura Lula, que é o retrato da polarização política no Brasil.

O Esquerda Diário afirma: “ao abrir mão das críticas à chapa Lula-Alckmin, a grande maioria desses atores terminam se comprometendo em não fazer oposição de esquerda a um governo que, diante da crise capitalista, tende a lançar ataques contra as massas trabalhadoras e empobrecidas, majoritariamente negras, pois é o que será exigido pelos setores burgueses que, como o próprio Lula enfatiza, são parte do governo.”

É certo que Lula e o PT fizeram diversos acordos com a direita. No entanto, temos assistido a um verdadeiro assédio ao ex-presidente pelos banqueiros. Ora querem que revele seus ministros, ora indicam nomes. Dependendo de um nome cogitado, a Bolsa cai ou o dólar sobe. Isso tudo é uma amostra clara do que espera a nova gestão petista.

A ideia de que os governos petistas sejam governos de direita, neoliberais, não é recente. Se repete há tempos. A promessa de ir às ruas contra o governo Lula já surgiu desde pelo menos o início deste ano, quando identitários, como Paulo Galo, o incinerador de estátuas, afirmou que “depois que Lula ganhar tem que fazer a rua ferver e não tem que ter medo de chamar de golpista”.

O que está em jogo no momento é a pressão popular para levar o governo Lula à esquerda. Mesmo que o PT e Lula tenham feito acordos e colaborem com determinados setores da burguesia, uma verdadeira pressão popular pode levar o governo muito mais à esquerda. A própria polarização política é um fator que pode ser decisivo.

A pressão que a burguesia está fazendo neste momento é para que Lula desista, por exemplo, de extrapolar o teto de gastos, que não invista em gastos sociais e produza um superávit para pagar os juros da dívida pública e que faça um governo neoliberal. Isso, no entanto, está fora de cogitação, pois a derrota de Bolsonaro/Paulo Guedes, é uma mostra de que a população não aceita esse tipo de governo. Mesmo Bolsonaro foi pressionado por sua base a diminuir o valor dos combustíveis e prometer uma auxílio de R$ 600,00.

Qual a saída?

A radicalização tem demonstrado que não há possibilidade de conciliação entre os interesses da classe trabalhadora e os da burguesia. A crítica ao governo Lula não pode partir de hipóteses. Não restará escolha para a esquerda do que levar uma política independente e criticar o governo, mas com o intuito de levá-lo à esquerda, ou então pedir a sua derrubada. Esta última hipótese tem um problema, irá favorecer o bolsonarismo.

Uma coisa que é importante salientar: a eleição de Lula, em si, representará pouco se não houver um profundo engajamento da classe trabalhadora. Por esse motivo que afirmações como “diante dessa situação, milhares de negras e negros aguardam com expectativa a possibilidade de mudanças agora que Bolsonaro foi derrotado eleitoralmente e está em curso uma transição de governo” causa apreensão. Esse é um sentimento comum no interior da esquerda.

Citaremos abaixo um trecho do Programa de Transição que mostra qual deve ser a postura da esquerda revolucionária, manter uma política independente:

“De abril a setembro de 1917, os bolcheviques reclamaram dos socialistas-revolucionários e dos mencheviques que rompessem com a burguesia liberal e tomassem o poder em suas próprias mãos. Sob esta condição, os bolcheviques prometiam aos mencheviques e aos socialistas-revolucionários, representantes pequeno-burgueses dos operários e dos camponeses, sua ajuda revolucionária contra a burguesia, recusando-se, entretanto, categoricamente, tanto a entrar no governo dos mencheviques e dos socialistas-revolucionários como a serem responsáveis politicamente por sua atividade. Se os mencheviques e os socialistas-revolucionários tivessem realmente rompido com os cadetes (liberais) e com o imperialismo estrangeiro, o “governo operário-camponês” criado por eles só teria facilitado e acelerado a instauração da ditadura do proletariado Mas é precisamente por esta razão que as cúpulas da democracia pequeno-burguesa se opuseram com todas as suas forças à Instauração de seu próprio governo. A experiência da Rússia demonstrou e a experiência da Espanha e da França confirma-o, novamente, que, mesmo em condições muito favoráveis, os partidos da democracia pequeno-burguesa (socialistas-revolucionários, sociais democratas, stalinistas, anarquistas etc.) são incapazes de criar um governo operário e camponês, quer dizer, um governo independente da burguesia”.

“Entretanto, a reivindicação dos bolcheviques endereçada aos mencheviques e socialistas-revolucionários – “rompam com a burguesia, tomem em suas mãos o poder”– tinha, para as massas, um enorme valor educativo. A recusa obstinada dos mencheviques e socialistas-revolucionários de tomar o poder, que se revelou tão tragicamente nas jornadas de julho, perdeu-os definitivamente no espírito do povo e preparou a vitória dos bolcheviques”..

Como fica claro no trecho, a esquerda deve dar uma expressão para a tendência das massas para que estas façam uma experiência. Se a população está depositando suas expectativas no governo do PT, é preciso levar isso às últimas consequências ─ no sentido de pressionarem para que o governo atenda aos seus interesses ─, pois isso aumentará sua consciência política.

A negativa da esquerda de tentar levar a gestão Lula para o lado da classe trabalhadora será vista pelas massas como uma capitulação e isso só poderá ter um resultado negativo de fortalecer a própria direita, pois trará desilusão política na classe trabalhadora e poderá, em vez de combater, jogar mais pessoas no colo do bolsonarismo.

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