Há cerca de um mês, quando o apresentador Bruno Aiub, o Monark, estava sendo linchado por uma coligação que reunia a direita golpista, a extrema-direita bolsonarista e a esquerda pequeno-burguesa, o youtuber Jones Manoel foi convidado a dar a sua “opinião” em uma “live” promovida pela revista Fórum. Jones Manoel mal explicou sua posição, dizendo que tratava-se de um “falso debate”, e partiu para uma sequência de ataques baixos ao Partido da Causa Operária, que defendeu a liberdade de expressão do apresentador.
Em meio aos ataques absurdos, o youtuber do PCB falou que o PCO é “financiado por um milionário árabe”. O que isso significaria? Jones Manoel não explica. Aparentemente, essa calúnia serviria para dizer que o PCO não é um partido independente, que lute intransigentemente pelos trabalhadores, mas sim um partido “comprado”, que esteja nas mãos de um xeique. O programa do PCO seria, portanto, não o da revolução proletária, mas sim o dos “capitalistas árabes”. Nada na nossa atuação indica isso, a não ser os momentos em que, como verdadeiros partidos da classe operária mundial, defendemos os países oprimidos do Oriente Médio contra o imperialismo — como é o caso do Afeganistão, que provavelmente Jones Manoel acredita ser um país árabe.
Diante da acusação ridícula, vários militantes e simpatizantes do PCO, bem como pessoas que simplesmente estão de saco cheio das palhaçadas de Jones Manoel e da “nova esquerda”, lançaram, nas redes sociais, o desafio “conta Mané”. Como resultado, a campanha gerou milhares de interações. Jones Manoel, no entanto, ignorou. E não podia fazer outra coisa — afinal, não existe o tal milionário árabe.
Eis que, agora, surge outro desafio para o youtuber, e que já está circulando nas redes sociais.
No dia 26 de fevereiro, um bloco de carnaval com cerca de 30 pessoas foi duramente reprimido pela Polícia Militar de Pernambuco. Quatro pessoas foram presas, sendo elas duas militantes do PCO — eu, que fui candidato do Partido à prefeitura do Recife em 2020, e Marina Dias, que foi candidata do Partido à prefeitura de Olinda em 2020. Todos foram obrigados a assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) e irão responder por infração ao artigo 268 do Código Penal, que trata da propagação de doenças contagiosas. Caso condenados, podem pegar até um ano de prisão. Além disso, nossos instrumentos foram confiscados pela polícia e só serão liberados após o carnaval.
Mas o que Jones Manoel tem a ver com isso? Simples. Ele se apresenta como o único pré-candidato verdadeiramente de esquerda de Pernambuco. Faz questão de se apresentar como a candidatura “comunista”. Desde então, o youtuber, que não costumava criticar o governo de Paulo Câmara (PSB), tendo inclusive elogiado a sua política criminosa de “contenção da pandemia” e colaborado para as restrições que impôs aos atos públicos, passou a se apresentar como um suposto opositor ferrenho do PSB. Inventou que o PSB era uma “falsa esquerda” — como se alguém, além de Jones Manoel, considerasse esse partido como de esquerda.
Meu palpite — um mero palpite — é que não passa de uma bravata, assim como foi a história do “milionário árabe”. Até porque, nas questões mais centrais, Jones Manoel não apresentou grandes divergências com o PSB. Ambos, por exemplo, estão contra a candidatura de Lula. No entanto, vamos dar uma colher de chá para o autointitulado “mais jovem pré-candidato a governador de Pernambuco”.
Se Jones Manoel é de fato anti-PSB, aqui está uma chance de ouro para atacar Paulo Câmara. A Polícia Militar, fascista e odiada pelo povo, reprimiu uma troça em pleno carnaval. Duas lideranças políticas de esquerda foram presas. Os instrumentos musicais foram apreendidos, sem que isso tivesse previsto em lei alguma. Tudo isso, a mando do governo do Estado. É um prato cheio para criticar a “falsa esquerda” do PSB.
Será que Jones Manoel vai criticar?
O desafio já está lançado nas redes. Registro aqui também meu apelo para que o cidadão se pronuncie e repudie a ação criminosa do governo Paulo Câmara.
