Liberdades individuais são o objeto de luta da esquerda desde que esta existe. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e a constituição da Rússia depois da Revolução foram conquistas da esquerda conseguidas a duras penas, símbolos de um regime apodrecido que dava lugar a um modelo novo de organização social.
Com o advento do identitarismo, uma parcela da esquerda parece ter esquecido dessa função, tornando-se verdadeiros perseguidores do direito individual. Liberdade de expressão, de pensamento, de reunião, de organização e de greve virou coisa de liberal. Para eles, a liberdade de falar e pensar deve ter limites. Para os marxistas esse limite começa quando também começa a ditadura. Ou a liberdade de expressão inclui nossos maiores inimigos, ou não é liberdade e, sendo arbitrária, o regime burguês usará ela contra nós.
Os identitários alegam que o problema de não impor limites à liberdade é que a extrema-direita poderá atacar as minorias. Sobre isso Marx dizia: “A liberdade de imprensa é uma coisa ótima. Mas há pessoas más, que abusam da fala para contar mentiras, do cérebro para conspirar, das mãos para roubar, dos pés para desertar. Fala e pensamento, mãos e pés seriam coisas boas se não houvesse pessoas más para usá-los de forma errada! Nenhum remédio contra isso foi encontrado ainda.”. Qualquer coisa pode ser usada para o mal como para o bem. Não podemos, sob nenhuma circunstância, munir o Estado com a ferramenta da censura pois, isso, invariavelmente se voltará contra a classe operária.
A censura é o maior inimigo dos revolucionários. Muitos deles tiveram que trabalhar sob; alguns conseguiram superá-la. Os obstáculos colocados para que um partido seja forçado a agir clandestinamente tornam qualquer processo de emancipação da classe operária mil vezes mais difícil do que quando o debate está às claras, e as coisas podem ser ditas abertamente.
Nosso dever, enquanto militantes marxistas, é de denunciar a todo momento qualquer tentativa de restringir a liberdade de expressão e de organização. Por mais que em um determinado momento uma medida possa parecer benéfica, como no caso da censura da extrema-direita, temos que entender que nada de positivo virá dessas medidas. A extrema-direita é um recurso da burguesia, sempre pode assumir novas formas e com novos nomes, vide os exemplos dos nazistas que governam a Ucrânia. A mesma coisa não acontece com a esquerda. Também devemos entender que, quanto mais livres forem os discursos e as ideias, mais fácil será de colocar claramente quais os programas defendidos pelos campos em luta.
Não nos deixemos intimidar pela pressão de uma turba ensandecida, mantenhamos a cabeça alinhada com a teoria marxista, formada por mais de 200 anos de ação.
