Nesta segunda-feira (01), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) oficializou a candidatura de Roberto Jefferson à presidência da República. Entretanto, Jefferson não compareceu à convenção que lançou seu nome ao pleito, pois está em prisão domiciliar, por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), com tornozeleira eletrônica.
Jefferson está sendo investigado no inquérito do STF que apura o funcionamento do que eles definiram como “milícias digitais”. Pela Procuradoria-Geral da República, foi denunciado ao STF por “incitação ao crime, ameaça às instituições e homofobia”.
Acima da discussão acerca da validade da condenação de Jefferson que, por si só, é antidemocrática, está posto um exemplo cabal de que, nas eleições de 2018, o PT capitulou o golpe de estado. Afinal, isso significa que Lula poderia ter feito o mesmo que Jefferson e concorrido sob júdice.
Entretanto, a candidatura de Lula foi abandonada pela esquerda porque ele estava preso. Fabricaram uma série de impedimentos e, no lugar de Lula, colocaram Fernando Haddad, uma figura que nada tem a ver com a classe operária brasileira.
Todos esses obstáculos são, agora, descartados pela política correta do PTB em lançar Jefferson. A postura da esquerda deveria ter sido a de defender incondicionalmente a candidatura de Lula seguindo com firmeza a palavra de ordem “É Lula ou nada”.
Quatro anos após as eleições de 2018, temos o resultado da política covarde que o PT decidiu levar adiante em relação à candidatura de Lula: Bolsonaro foi eleito e o processo golpista no Brasil seguiu adiante. Situação que teria um resultado completamente diferente caso a esquerda tivesse insistido na candidatura de Lula e mobilizado o povo para torná-la realidade nas ruas.
Mais uma vez, a situação política nacional se encaminha para um novo golpe contra Lula e o PT, como um todo. Finalmente, apesar de vitoriosa nas eleições gerais passadas, a burguesia não conseguiu estabilizar o golpe no Brasil. Precisam de um candidato mais alinhado com os interesses do imperialismo, como é o caso de Simone Tebet. Para isso, precisam, inevitavelmente, combater Lula, algo que com toda certeza não se dará no campo “democrático” da disputa.
Uma série de declarações e artigos publicados na imprensa capitalista já demonstraram a disposição da burguesia em incriminar e prender Lula uma segunda vez. Fala-se, inclusive, de uma suposta “bomba” contra o petista envolvendo assédio sexual.
Mais importante que isso, o STF está realizando uma cruzada incansável contra os direitos democráticos do povo, processo que teve seu auge na inclusão do PCO no Inquérito das Fake News e na derrubada de toda a sua imprensa digital. Evidente que, de maneira geral, o caráter ditatorial do regime político brasileiro cresce cada vez mais.
Nesse sentido, caso essa situação venha a acontecer, a esquerda não pode entregar mais uma vez a candidatura de Lula de bandeja para a direita. Os erros passados devem servir de lição para o PT e, de maneira geral, para toda a esquerda, nessa nova etapa da luta contra o golpe. Outra capitulação imensa como foi em 2018 custará muito mais caro ao povo brasileiro, pois, agora, é o neoliberalismo venal quem ganhará espaço na política.