Nesta sexta-feira (13), o jornal golpista Estadão publicou um editorial intitulado Lula anuncia que será irresponsável. No texto, o veículo reproduz a fala de Lula em uma de suas viagens, na qual afirmou que “não haverá teto de gastos para o nosso governo”. Prontamente, o Estadão ataca a posição de Lula, afirmando se tratar de uma grande irresponsabilidade fiscal que promete levar os cofres públicos à bancarrota.
Para ressaltar o seu – falacioso – ponto, o jornal vai além e redige uma breve retrospectiva dos trâmites legais da PEC 95, a infâme PEC do Teto de Gastos:
“O teto de gastos não nasceu por geração espontânea. Tampouco é um fetiche de economistas ou “instrumento de opressão” das elites sobre os mais pobres, como querem fazer crer seus detratores”, afirma a imprensa golpista.
Em seguida, “explicam” que a Emenda foi uma resposta necessária à administração de Dilma, aproveitando a ocasião para afirmar, mais uma vez, que seu processo de impeachment foi constitucional e uma consequência de sua tentativa de “maquiar o estado tenebroso das contas públicas”.
Antes de qualquer coisa, deve ficar claro que o teto de gastos é, acima de tudo, um aparato jurídico instituído para esvaziar o financiamento estatal sobre políticas de seguridade social. Em outras palavras, é uma forma justamente da “elite”, como usa o Estadão, de divergir os gastos do Estado para os seus próprios bolsos.
Não é atoa que, desde então, o Brasil se aprofunda em uma crise econômica cada vez maior. Algo que não pode ser justificado simplesmente pela pandemia, já que, desde 2016, o ano do golpe, esta tendência já estava instaurada. Não é atoa que surgem novas aferições de indicativos socioeconômicos que, mesmo deturpadas, mostram que do golpe para cá, o Brasil foi só ladeira abaixo.
Nesse sentido, é imprescindível que o governo Lula mantenha firme o seu compromisso de jogar na lata de lixo o teto de gastos. É um dos passos fundamentais para a reversão do processo golpista no País, ao lado da revogação integral das reformas de Temer (trabalhista, da previdência etc.).
Finalmente, o Estado serve ao povo, não o contrário. Portanto, seus gastos devem estar integralmente atrelados aos interesses dos trabalhadores. Qualquer alternativa representa, antes de tudo, a utilização das contas públicas para favorecer os capitalistas. Não é atoa que, no começo da pandemia, o governo Bolsonaro entregou 1 trilhão de reais para os bancos. Algo que, sorrateiramente, não é lembrado pelo Estadão.
Vale ressaltar que, ao final do artigo em questão, o jornal clama a burguesia (que é o público alvo de sua orientação política) a apoiar as “forças moderadas do País”:
“Mais do que nunca, é preciso que as forças moderadas do País se unam para convencer o eleitor de que a irresponsabilidade fiscal não é solução – é, ao contrário, a fonte de todos os problemas”, escreve o jornal, chorando para que a Terceira Via cresça.
Ou seja, fica claro que a política de Lula não é só a política acertada para os trabalhadores, como também uma política que colide frontalmente com os interesses da burguesia neoliberal – que, inclusive, também joga Bolsonaro na fogueira. Consequentemente, é um programa que deve ser cada vez mais radicalizado e empurrado à esquerda. Essa é a única forma de verdadeiramente reverter o estrago gerado pelo golpe no Brasil.