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Manifestações bolsonaristas

Locaute ou apenas manifestações reacionárias?

É preciso analisar corretamente os bloqueios de rodovias

A esquerda pequeno-burguesa está totalmente desorientada no Brasil. As recentes manifestações dos bolsonaristas e os bloqueios das rodovias após o resultado eleitoral são a prova disso. Não houve quem compreendesse o que está acontecendo.

Setores mais conservadores, seguindo a política da direita tradicional, aderiram à política de convocar as instituições golpistas para reprimir as manifestações. Chamaram a polícia, a tropa de choque, o “rigor da lei”, colocando a corda no próprio pescoço na medida em que dão força para os aparelhos de repressão estatais que tradicionalmente reprimem a esquerda e a classe trabalhadora.

Outros, evitando comprometer-se com essa política de repressão, acusam as manifestações de serem “locautes”. O que, grosso modo, é o mesmo argumento daqueles que querem a repressão.

É nesse último caso que se enquadra o grupo MRT. Em seu sítio na internet, o Esquerda Diário, um artigo assinado por Marcelo Tupinambá defende a tese de que os bloqueios dos caminhoneiros e as manifestações de bolsonaristas nos quartéis são locautes patronais.

Antes de manis nada seria preciso explicar que, essa argumento, se fosse correto, legitimaria a intervenção policial nos bloqueios. Locaute é crime previsto na Constituição, o que justifica a ação policial conforme aconteceu nos principais estados do País, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Nesse sentido, se o MRT teria a intenção de se afastar daqueles que defendem a política de pedir socorro às instituições golpistas, eles aqui apenas representam uma ala esquerda dessa mesma política.

Mas será correta a análise feita pelo artigo do MRT chamando as manifestações de locautes? A explicação é mais simples do que parece: não!

A confusão central feita no artigo está em chamar de locaute uma manifestação reacionária. Nem toda manifestação contrarrevolucionária é um locaute, mas todo locaute é uma espécie de manifestação reacionária.

Isso porque, uma manifestação reacionária, como é o caso dos bloqueios e dos atos em frente aos quartéis, pode ser organizada por setores que não sejam nem da burguesia ou que não sejam de setores fundamentais da burguesia.

Nesse momento, os setores mais importantes da burguesia estão contra as manifestações. Todos os setores importantes da imprensa golpista estão contra, todos os principais governadores estão contra. Aqui estamos falando dos governadores que apoiaram Bolsonaro no segundo turno e que representam os estados mais importantes do País, ou seja, da burguesia mais poderosa do País.

Como justifica a tese do MRT, então de que se trata de um locaute? O artigo tenta:

“Ainda que os bloqueios tenham se combinado com manifestações importantes de bolsonaristas em frente aos quartéis em várias capitais, conforme os dias transcorreram ficou claro que havia um caráter importante de lockout patronal, limitado especialmente a um setor do agronegócio.”

Segundo o artigo do MRT, trata-se de locaute porque principalmente um setor do agronegócio apoia os bloqueios. Daí conclui-se que os setores patronais propriamente ditos, ou seja, os patrões dos caminhoneiros, nem têm a participação mais importante nessas manifestações.

Boa parte dos caminhoneiros são donos de suas frotas, ou seja, são trabalhadores de classe média, outra grande parte são funcionários de empresas em geral. Se fosse um locaute, os caminhões teriam ficado dentro da garagem e os caminhoneiros teriam sido impedidos de entrar para trabalhar ─ como ocorre nos locautes. Mas os próprios caminhoneiros bloquearam as estradas.

Se o agronegócio está incentivando as paralisações, isso não as torna automaticamente um locaute. O agronegócio não é o patrão desses caminhoneiros.

Outro ponto importante é que mesmo se houvesse a participação patronal em alguns pontos desses bloqueios, isso não transforma a ação toda em locaute.

Por que é preciso analisar corretamente isso? Justamente porque ao atribuir esses movimentos a um locaute, perde-se o real conteúdo das manifestações. Esconde o fato de que quase toda a burguesia, incluindo aí os setores mais importantes do próprio bolsonarismo, estão contra essas manifestações.

É preciso analisar corretamente para entender que o que há aí é uma manifestação política, com um conteúdo reacionário. Não um locaute. A partir daí, é preciso traçar uma política correta para esse fato. Bolsonaro teve 58 milhões de votos, quase metade do eleitorado. É preciso tratar as coisas como são e reconhecer que é preciso uma política para esses setores da população. Dizer que é locaute impede que uma correta política seja levada adiante.

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