Nesta sexta-feira (17), Priti Patel, ministra do Interior do Reino Unido, aprovou a extradição de Julian Assange, jornalista australiano e fundador do Wikileaks, aos EUA.
Assange se encontra preso na Inglaterra após ter seu exílio político negado pelo presidente direitista do Equador. Sua condenação se deu, inicialmente, por meio do governo norueguês que o acusou de abuso sexual. Hoje, responde por crimes contra os Estados Unidos após revelar os crimes de guerra hediondos cometidos pelo imperialismo por meio do Wikileaks.
Em nota, a pasta do governo britânico disse que os tribunais do país “não consideraram que a extradição seria opressiva, injusta ou um abuso de processo […] Também não consideraram incompatível com os direitos humanos, incluindo o direito a um julgamento justo e à liberdade de expressão […] enquanto estiver nos EUA, ele será tratado adequadamente, inclusive em relação à sua saúde”
Deve ficar claro que, antes de qualquer coisa, se trata de uma grande farsa. Assange pode ser bem considerado um dos maiores inimigos do imperialismo americano dos últimos tempos. Afinal, ele provou ao mundo, por meio de gravações, documentos, áudios etc. que os EUA são máquinas da morte quando intervém em países atrasados.
Ou seja, afirmar que sua prisão nos Estados Unidos se dará de maneira tranquila é, no mínimo, de uma desonestidade marcante. Até porque na própria Inglaterra, a esposa de Assange já denunciou maus tratos sofridos por ele na prisão. Tanto é que teve um AVC enquanto preso em 2021.
De maneira geral, a imprensa burguesa se calou frente ao caso Assange, se limitando à notícias partidárias da ação ditatorial do imperialismo. A própria imprensa de esquerda no Brasil, em sua maioria, não dá atenção ao caso. Antes, seguem a cartilha ideológica do imperialismo e reproduzem uma campanha farsesca acerca do caso Dom Phillips e Bruno Pereira.
À medida em que a crise do imperialismo se acentua em todo o mundo, impulsionada de maneira gritante pela operação especial russa na Ucrânia, fica cada vez mais claro que os Estados Unidos são uma grande ditadura que domina o mundo com mão de ferro. Ao mesmo tempo em que calam Assange por suas revelações preciosas, financiam milícias armadas nazistas na Ucrânia que vêm provocando um verdadeiro genocídio contra o povo do Donbass desde o golpe de 2014.
Qualquer dúvida acerca do caráter democrático do imperialismo cai por terra. Seu lado fascista vem à tona de maneira agressiva, algo que possui reflexos, inclusive, no avanço da ditadura do judiciário no Brasil.
Nesse sentido, só se pode esperar o pior para o próximo período no que diz respeito aos ataques contra os trabalhadores e as suas organizações em todo o mundo. O imperialismo está em sua crise terminal e, portanto, assim como um animal ferido, age de maneira agressiva contra os seus inimigos. A escalada dos trâmites legais do caso Assange são ainda mais uma demonstração disso.
Por isso, fica ainda mais evidente a necessidade de uma mobilização ampla dos trabalhadores que deve ter como principal e inconciliável inimigo o imperialismo. Essa é a única forma de luta rumo a um governo dos trabalhadores, e a defesa de Assange é peça essencial neste caminho.