Recentemente, a Universidade de São Paulo (USP) removeu as notas e a frequência de 275 alunos. A justificativa é que eles não comprovaram a vacinação básica completa contra a covid, que seria de duas doses.
Sobre esse absurdo, através de um editorial do Estadão, um dos principais órgãos da imprensa capitalista, a direita expressa de maneira clara quais são seus verdadeiros objetivos em relação à pandemia: atacar os direitos democráticos da população.
O editorial, intitulado A USP acerta ao cobrar vacina, defende a atitude da Universidade contra os estudantes, ou melhor, do Estado burguês. Não existe motivo ou lei que justifique a remoção da presença e das notas por conta de vacinação. A decisão é absolutamente inconstitucional e arbitrária, nitidamente uma cassação aos direitos dos estudantes, garantidos – e isso sim – pela constituição.
A medida, segundo o editorial do Estadão, demonstra preocupação com a saúde dos estudantes. Em verdade, isso é demagogia, disfarçada de preocupação, com ares autoritários. Pensando de forma prática, qual é a grande contribuição para a saúde na remoção das notas, já realizadas e postadas, e as frequências de todos os dias do estudante? Ao invés de medida em prol da saúde, a coisa se parece mais com uma retaliação. Ou até mesmo, em último caso, uma punição. Mas, pelo que? Foram os 275 estudantes os culpados pelas mortes por coronavírus nos campi da USP?
A medida é amplamente vazia de sentido. É apenas um simples e objetivo apagamento de registros, sem nenhum sentido prático, a não ser o de demostrar força e autoridade.
Do caso, é preciso chamar a atenção para o fato de que fica cada vez mais claro quem de fato defende esses tipos de ataques aos direitos dos estudantes, quando observamos que o Estadão vem à público defender o ato autoritário. O Estadão é o principal jornal da direita, e serve como referência e orientação à burguesia golpista. Quando o órgão vem à público defender a medida, tem o objetivo de mobilizar sua base numa propaganda que, de maneira “sutil”, torne normal a cassação de direitos.
Não denunciar tal ato é permitir que a propaganda avance numa direção muito perigosa. O apoio a esse tipo de propaganda preocupa, pois um amplo setor da esquerda apoiou cegamente durante toda a pandemia o fortalecimento do autoritarismo do Estado burguês. Vamos somar forças com o Estadão?
A justificativa foi sempre a “saúde”, no entanto, o que de fato ocorria era a propaganda do autoritarismo. A cada dia que passa, a coisa fica mais clara: o maior financiador da campanha de imposição da vacina é a burguesia, a direita, os golpistas, e não a esquerda.
Em relação ao caso, é preciso fazer uma campanha absolutamente contrária a esse tipo de ataque. A campanha deve ter o intuito de mobilizar os estudantes para denunciar tal arbitrariedade. A USP, como uma universidade pública, precisa exercer sua autonomia política tendo como principais protagonistas os estudantes, maioria esmagadora da universidade.
A USP não pode ser instrumento de repressão dos direitos democráticos da juventude. Em vez disso, precisa ser ferramenta de mobilização dos estudantes contra os ataques à população. Além disso, esses estudantes, mobilizados, devem denunciar o avanço do autoritarismo do Estado burguês, este que viu na pandemia uma oportunidade de avançar com ataques aos direitos democráticos da população.