No último domingo (20/11), Ilan Goldfajn, economista do imperialismo, foi eleito pelo conselho do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID para presidir a entidade, sediada em Washington, com apoio de 80% do capital do banco. O economista teve até o momento participação destacada em órgãos imperialistas, assim como no ataque de destruição ao Brasil, com o golpe de 2016 e até mesmo antes.
Goldfajn foi indicação do governo Jair Bolsonaro e, em particular, do ministro da Economia, o banqueiro neoliberal Paulo Guedes, responsável por emplacar a Reforma da Previdência, que acabou com o direito à aposentadoria e dificultou gravemente o acesso inclusive nos casos de invalidez. O economista cumpria papel central no Fundo Monetário Internacional – FMI, como Diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental, e se licenciou para concorrer ao cargo no BID.
Homem forte da destruição neoliberal
Durante o segundo governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), o destruidor do Brasil, Ilan Goldfajn ocupou o cargo de diretor de política econômica do Banco Central (BC). Esteve à frente do órgão de 2000 a 2003. Aquele governo foi marcado por acabar com as condições de vida da população e com a indústria nacional.
O novo presidente do BID prestou serviços também durante o governo golpista de Michel Temer. Em junho de 2016, assumiu a presidência do Banco Central, e ficou no cargo até 2019. O governo Michel Temer teve por característica o ataque total aos trabalhadores. Duas das principais medidas foram a Reforma Trabalhista, que acabou com os direitos dos trabalhadores, e o Teto de Gastos, que impede o governo de realizar gastos sociais, como educação, saúde e até mesmo investimento no desenvolvimento econômico nacional. Suas façanhas durante o governo Temer lhe renderam a eleição de melhor banqueiro central do mundo por duas revistas internacionais, a The Banker (2017) e a Global Finance (2018), pela escala da destruição e entrega do suor dos trabalhadores ao sistema financeiro.
O economista ainda integrou como economista-chefe e sócio o Itaú Unibanco e, como economista e sócio, a Ciano e a Gávea Investimentos, além de ter sido presidente do Conselho Consultivo do Credit Suisse Brasil.
Atuou como consultor para duas das principais ferramentas diretas do imperialismo, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional – FMI. No FMI, foi economista de 1996 a 1999 e, no último período, em 2022, compôs o fundo como Diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental, um cargo de peso.
Dominação para o atraso
Junto ao FMI e ao Banco Mundial, o BID cumpre papel central na América Latina em aplicar as regras definidas no Consenso de Washington, quais sejam, a doutrina econômica neoliberal, que estabelece a colonização dos países atrasados, com a subordinação de suas economias aos interesses dos EUA. Na prática, são políticas de:
- Cortes de gastos estatais, reduzindo serviços e funcionários, ou seja, acabando com as garantias sociais dos serviços públicos como saúde, educação e infraestrutura de todo tipo;
- Desonerações fiscais, diminuindo os impostos sobre as empresas e, portanto, reduzindo a capacidade do Estado de atuar nas áreas tanto sociais como na própria economia;
- Privatização das empresas estatais, de todas as áreas, reduzindo a capacidade do Estado de atuar tanto na infraestrutura como nos serviços, além de transferir a riqueza gerada por essas empresas ao setor privado a troco de nada, pelas desonerações e reduzindo ainda mais o caixa do Estado nacional, que fica sem a possibilidade de utilizar suas empresas num sentido estratégico de desenvolvimento nacional, e num sentido de arrecadação pelos serviços prestados;
- Abertura econômica, o que põe fim ao protecionismo, o que acaba com a indústria do país. A abertura coloca as empresas dos países atrasados em competição direta com os conglomerados do imperialismo, algo impossível para países com indústria incipiente. O mercado do país, então, é capturado pelos monopólios internacionais. Combinado à desoneração generalizada de impostos para empresas, na prática o processo serve como transferência direta de riqueza dos países atrasados para os países imperialistas.
- Desregulamentação econômica e trabalhista, a cereja no bolo, pela qual as empresas internacionais irão não apenas explorar o mercado interno do país, mas também a mão-de-obra, que será extremamente barata, e as matérias primas. Como um processo de colonização.
Os bancos, FMI, Banco Mundial e o BID nas Américas, aplicam essa política ao vincular os empréstimos às políticas de destruição nacional, o que vimos recentemente na Grécia, lá com participação também do Banco Europeu. Para sair da dívida, o país deve conter a crise, investindo pesadamente na recomposição da economia, mas tal plano é rejeitado pelos bancos internacionais. Dizem eles que apenas pela total destruição econômica aceitarão emprestar o dinheiro, um processo de chantagem que, vinculado a pressões internas impulsionadas pelo próprio imperialismo, amarram os países atrasados no impedimento de se desenvolverem. Caso o governo mude no meio do processo, e queira encarar a dívida com outros olhos, buscando desenvolver o país, a pressão internacional e econômica estrangula os governantes para que cedam e apliquem a receita neoliberal. É isso o que o imperialismo impôs no BID, e é o que quer para o Brasil.