O assunto mais em alta desde a oficialização da eleição de Lula no final de outubro é a badalada equipe de transição. A imprensa, os banqueiros, a esquerda e até a o cão vira-lata da esquina querem meter o nariz e opinar o que Lula deve ou não fazer ou em quem Lula deve ou não colocar na equipe, independente do quão irrelevante isso possa ser para o governo que irá se iniciar em janeiro de 2023.
Daremos destaque aqui para a esquerda pequeno-burguesa, cuja uma parte se recusou a apoiar Lula desde o primeiro turno das eleições, e tem, por algum motivo, colocado uma importância astronômica na questão da equipe de transição a ponto de já começarem a fazer críticas antes mesmo do governo começar.
Primeiramente, é importante explicar que a equipe de transição é apenas um grupo de pessoas que irá reunir os dados de diversas pastas do governo anterior e entregá-las para a nova equipe do governo e para o presidente — por esse motivo é uma “equipe de transição”. A imprensa burguesa tem feito grandes alardes quanto a isso, com a justificativa de que existe uma grande chance de participantes dessa equipe fazerem parte do governo em si, mas uma coisa não implica a outra. O próprio Lula já afirmou que a equipe e o governo são coisas diferentes e, convenhamos, não precisava ter explicado. Tudo isso pode muito bem ser interpretado como um sinal inicial de como a burguesia irá fazer de tudo para atacar o governo Lula tanto por dentro quanto por fora.
Mas o fato que mais chocou, no fim das contas, foi a histeria que tomou conta de alguns setores da pequena-burguesia por conta da “falta de representatividade no governo”. Alguns representantes desse setor protestaram contra a falta de mulheres, negros, deficientes físicos e mentais, transexuais, gordos, nordestinos e qualquer outra minoria que se possa imaginar por ai e que, por algum motivo, deveria ser prioridade na equipe de Lula.
Claro, porque não é necessário colocar alguém que entenda minimamente do assunto para analisar dados e passá-los adiante. A esquerda levanta reivindicações inúteis e, no fim das contas, só acaba atrapalhando e até mesmo atacando o governo sem ter nenhum motivo para isso. Do que interessa se as pessoas que irão ajudar num processo burocrático entre uma transição de governos são mulheres, negras, nordestinas e gordas ou homens, albinos, paranaenses e raquíticos?
A resposta é simples: não interessa. Não faz diferença nenhuma, e mesmo se estivéssemos falando do governo, isso não faria diferença nenhuma. Isso porque o que deveria realmente importar nessa questão é a participação do trabalhador — não interessa se alguém é negro ou não, ela pode muito bem estar alinhada com a burguesia, e temos inúemros exemplos disso no Brasil, como Fernando Holiday, membro do MBL, e Helio Lopes, aliado fiélissimo de Bolsonaro. Com o trabalhador não é assim. Ele está ao lado de sua classe, enquanto a burguesia está do lado da sua, independentemente de ser uma mulher, um negro, um deficiente e qualquer outra coisa que o valha.
De qualquer forma, a esquerda com essas atitudes apenas boicota o governo Lula, jogando contra um governo dos trabalhadores ao tentar jogar para cima dele reivindicações imperialistas, desviando os olhos do que realmente importa no momento, a exemplo da acalorada pressão da burguesia para que Lula siga a pauta neoliberal em vez de atender as reivindicações dos trabalhadores em questão, como a do rompimento do teto de gastos, o aumento do auxílio e a diminuição da inflação