O governo colombiano do presidente Ivan Duque, que fica no poder até agosto deste ano e atua como base operacional dos Estados Unidos, anuncia o extermínio de mais um líder, conhecido como Roque, das FARC (também denominadas FARC-EP, Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia–Ejército del Pueblo).
Apesar das FARC terem sido removidas da designação de “Terrorista Global Especialmente Designado” pelo governo imperialista norte-americano, o Canadá e a União Europeia, além do próprio governo títere da Colômbia, que há anos vêm impondo a política imperialista no território colombiano, vários outros grupos que surgiram como dissidência das FARC foram incluídos na lista de grupos terroristas.
O imperialismo dá com uma mão e tira com duas. Um favorecimento disfarçado e condicionado a que os grupos se submetam aos mandos e desmandos da tutela imperialista no país. A deposição de armas foi um dos mandos que, embora alguns setores tenham se submetido, não houve diminuição do número de morte na Colômbia.
Desde o começo do governo Duque, centenas de líderes de movimentos dos trabalhadores foram assassinados e/ou sequestrados na Colômbia. Duque garantiu que iria apoiar uma passagem de governo “eficaz e harmônica” para o seu sucessor, o declarado ex-guerrilheiro Gustavo Petro. Porém, a matança dos revolucionários, guerrilheiros ou ex-guerrilheiros, como Petro, continua a todo o vapor seguindo a orientação do imperialismo americano.
Isso é mais um exemplo da política fascista imposta à Colômbia e ensinada pelo imperialismo americano. É, também, uma prova de que a deposição de armas aceita pelas FARC foi um grande erro, pois nada mudou na Colômbia.
Este ano já foram mortos, ou sequestrados, vários líderes das FARC, além de vários líderes de movimentos sociais na Colômbia. A política do pacifismo diante da burguesia que a esquerda domesticada latino-americana tem adotado é um fracasso na Colômbia; qualquer líder de grupos de trabalhadores que inicia na militância em busca de direitos e posicionamento político é ameaçado de sequestro ou de morte. A retomada da soberania vai ser difícil, não basta combater banqueiros, latifundiários e o crime organizado.
Por outro lado, Gustavo Petro, que assume em agosto, disse ainda que vai pedir à ONU para investigar crimes de corrupção, dando mais essa prova de que entrou para seguir os desígnios do imperialismo americano no seu país. Tudo isso somado ao fato de que fez questão de anunciar que mantém diálogo “muito amistoso” com o presidente Biden.
Segundo o historiador Renán Vega, doutorado em estudos políticos na Universidade Paris VIII e professor da Universidade Pedagógica Nacional da Colômbia, há pelo menos 50 unidades estadunidenses com 200 a 300 militares cada na Colômbia. Além de 25 agências secretas dos EUA encabeçadas pela CIA (Central Intelligence Agency) e pela DEA (Drug Enforcement Administration), principal agência norte-americana de combate às drogas. Estas atuam livremente para intervir no país “também em termos econômicos, políticos, sociais e culturais”.
“Tudo isso difundido como muito positivo pelos meios de comunicação […] nos últimos 25 anos, a Colômbia foi o terceiro principal país em investimento militar dos Estados Unidos, tendo implementado com seus manuais, a lógica contra insurgente e anticomunista, nos quais ensinam a torturar, matar e desaparecer”, diz Vega.
Como fica fácil de notar, a Colômbia vive constantemente num estado de exceção. O próximo governo Petro, se não capitular para o imperialismo, como dá mostra que já está fazendo, vai ter muito trabalho pela frente. O povo colombiano pede socorro e seria muito útil uma América Latina com governos livres do intervencionismo americano para ajudar.
Segundo os dados dos quais se utiliza o historiador Vega, foi precisamente no momento em que os EUA inundam o país de dólares para as Forças Armadas que essa situação de caos se iniciou na região: “É aí que se inicia a violência que estamos vivendo”, como foi destacado pelo portal Diálogos do Sul.