Análise Internacional

Gabriel Boric e sua proposta para a previdência do título

Companheiro Rui discutiu a proposta de reforma da previdência de Gabriel Boric

Hoje retornou, no canal do Diário Causa Operária, a Análise Internacional com o companheiro Rui Costa Pimenta, o programa irá ao ar todas as sextas-feiras, às 12h. O tema desta edição foi a proposta de previdência feita por Gabriel Boric na noite de quarta-feira (02) e a questão deste neoliberalismo colorido que tem tomada conta de setores da esquerda.

O sistema de previdência atualmente vigente no Chile foi imposto pela ditadura neoliberal pinochetista em 1981. As aposentadorias são pagas por meio das Administradoras de Fundo de Pensão (AFP), que nada mais são do que bancos de investimento. Os trabalhadores pagam contribuições de 10,5% (acima daquilo que é pago no Brasil, por exemplo, para quem ganha na faixa salarial de até dois salários minimos) para contas individuais sob controle das AFP, que investem o dinheiro na bolsa de valores abocanhando a maior parte dos retornos e devolvendo aos aposentados chilenos nada mais do que migalhas. Segundo o atual governo chileno, 72% dos mais de dois milhões de aposentados do país recebem menos de um salário-mínimo. 

Qual a resposta do esquerdista biônico, Gabriel Boric, a esse duríssimo fator de crise social? Manter o sistema de capitalização da providência social com algumas reformas um tanto insuficientes. Em suas próprias palavras:

“Com essa reforma, as AFPs irão acabar. Existirão novos gestores de investimentos privados com o objetivo exclusivo de investir em fundos previdenciários e existirá uma alternativa pública, o que permitirá promover a competição entre novos atores.” Afirmou Boric.

O aumento do valor das aposentarias virá através de contribuições patronais de 6% dos salários, o que faz com que a reforma desagrade não somente o povo chileno pelo seu caráter profundamente limitado como também os capitalistas que não querem ver suas margens de lucro baixarem. Efetivamente o aumento será muito baixo e a garantia dada pelo governo chileno é de somente 65% do salário-mínimo chileno, algo absurdo para o governo supostamente eleito para representar as massas que se insurgiram contra o neoliberalismo no Chile mais de dois anos atrás. Como muito bem coloca o companheiro Rui:

“Qual a mudança real que nós vamos ter aqui? Vai diminuir um pouco a situação escandalosa dos trabalhadores chilenos. Uma coisa vergonhosa. Nós temos que entender que essa é a política de todos os grupos de esquerda desse tipo, que são grupos de esquerda profundamente atrelados ao imperialismo. Podemos na Espanha, o Syriza na Grécia. É uma política neoliberal com uma leve camada de açúcar.”

Essa “nova esquerda” que tem como seu mais acabado representante no Brasil o PSOL (basta ver que muitos dos antigos quadros do partido não foram reeleitos como Ivan Valente, além de estar visível a olho nu a mais absoluta decomposição em prol de políticas identitárias de tipo neoliberal) é uma esquerda pequeno-burguesa, que cumpre a função de derrotar as mobilizações populares que muitas vezes foram responsáveis por levá-las ao poder, como na Grécia e no Chile. Na Grécia, voltou, após o governo da “esquerda radical”, o partido Nova Democracia, ou seja, o principal partido neoliberal grego. Ou seja, além de derrotar as mobilizações, esta esquerda foi responsável por promover uma intensa reciclagem de lixo e devolver o poder àqueles contra quem o povo se insurgiu.

É preciso, no entanto, compreender por que a evolução de setores de esquerda deste tipo se dá desta forma. Primeiramente, é importante entender que se trata de agrupamentos políticos sem uma ampla base social, como colocou o Companheiro Rui:

“É uma esquerda pequeno-burguesa no sentido literal da palavra, ou seja, é uma esquerda pequeno-burguesa em que não apenas os dirigentes são pequeno-burgueses como também a base social principal é a pequena burguesia.”

Efetivamente, as massas que se insurgiram não são a base social de sustentação do governo Boric, ainda que o tenham elegido através de uma complexa manobra eleitoral. Tendo em vista que se trata de um tipo de agrupamento sem uma ligação com o movimento operário ou camponês, como é o caso do MAS na Bolívia, do Peronismo na Argentina e etc., é muito fácil para uma força política poderosíssima como o Imperialismo o controle completamente. Enquanto os governos nacionalistas burgueses da América Latina conseguem levar adiante uma política relativamente independente por se apoiarem, ainda que de maneira insuficiente, no movimento de massas, os governos da Nova Esquerda seguem à risca as demandas do imperialismo, mesmo que isso significa a sua destruição política. Aos companheiros que restarem dúvidas e que gostariam de uma comparação com a situação brasileira, o programa se encontra disponível abaixo:

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