Em mais um confronto da luta pela terra, a Funai, dominada pelo bolsonarismo, se coloca contra os indígenas e a favor do latifúndio e da mineração. O caso diz respeito à terra Soares/Urucurituba, em Autazes, no estado do Amazonas, território onde vivem os indígenas Mura. A Funai se coloca ao lado da mineradora Potássio do Brasil e muda sua posição sobre o Marco Temporal para que os indígenas não ganhem o direito sobre as suas terras.
O chamado Marco Temporal é um ataque do STF aos povos indígenas do Brasil. Ele define o ano de 1988, ano da Constituição Federal, como marco para determinar se os índios têm direito ou não à demarcação de suas terras. A tese defendida pelos latifundiários e pelos ministros do STF é de que se os indígenas não comprovarem que estavam nas terras antes de 1988, eles não têm o direito às suas terras. É um claro ataque aos povos indígenas.
A Funai se colocava contra essa posição até ser dominada pelo bolsonarismo. Neste caso das terras no Amazonas os indígenas tentam demarcar o território desde o ano de 2003, o que gera um conflito caso se use a tese do Marco Temporal. Os indígenas ganharam a ação no Ministério Público Federal (MPF) que obrigou a Funai a criar um Grupo de Trabalho para a primeira fase do plano de demarcação. Mas, uma vitória na justiça não garante nada, principalmente quando a luta se dá contra a indústria da mineração.
Este caso escancara que, nos dias de hoje, a Funai, a Fundação Nacional do Índio, um órgão do governo federal que deveria apoiar os povos indígenas, hoje é mais um agente dos latifundiários contra essa população do que o contrário. O governo Bolsonaro, bem como os governos estaduais da direita como o do Mato Grosso do Sul, ligado a Simone Tebet, se comporta como agente desses que são os maiores inimigos não só dos indígenas, como também dos trabalhadores rurais.
Outro fator importantíssimo é que o principal agente dessa tese do Marco Temporal, que serve de base para atacar os indígenas Mura, e de todo o Brasil, é o próprio STF. Os índios, no ano de 2021, travaram uma enorme luta contra o STF para por um fim a esta política que se fechou em um impasse. O processo está lá esperando para voltar ao julgamento e a qualquer momento o STF pode desferir esse ataque aos índios.
A luta dos indígenas no Brasil se dá principalmente contra os latifundiários e as grandes mineradoras. É preciso defender a estatização de toda a mineração, colocá-la sob o controle dos trabalhadores da categoria e dos afetados no campo, a demarcação de todas as terras indígenas, o armamento dos índios para se defenderem dos ataques dos pistoleiros e jagunços, e o fim do latifúndio, um dos maiores flagelos que afeta o Brasil até os dias de hoje.