Os últimos acontecimentos acerca do futuro governo Lula demonstram que este, assim como qualquer outro governo no Estado burguês, é refém dos especuladores, do sistema financeiro. No momento, os parasitas capitalistas tentam fazer com que Lula não consiga aprovar a PEC da Transição — ou pelo menos não com todas as medidas desejadas —, que fura o Teto de Gastos para que se sustente o novo Bolsa Família durante os próximos quatro anos.
Nenhum banqueiro, especulador ou capitalista se importa com a população. É por isso que cerca de metade do orçamento federal — cujo valor total é de mais de R$4 trilhões — vai para o pagamento de juros e para a amortização da dívida pública, enquanto Lula não pode retirar R$75 bilhões para assistir minimamente o povo, que sofre com as consequências de seis anos de governos neoliberais e submissos ao imperialismo e ao capital financeiro.
Essa atitude é uma prova de que o governo Lula não será nada fácil. Os especuladores não aceitam nem mesmo uma espécie de continuidade da política de Bolsonaro, ou seja, fazer alguns mínimos programas sociais fora do teto para que pelo menos o povo não morra de fome frente à imensa crise que assola não só o Brasil, mas o mundo.
É evidente que Lula não pode ser refém dos parasitas capitalistas, o futuro presidente não conseguirá fazer nada se isso continuar assim — os especuladores não irão aceitar nada que não envolva entregar toda a riqueza do País para eles, alegando que Lula precisa ter “responsabilidade fiscal” e que essa também é primordial para as políticas sociais.
O fato é que Lula precisa passar por cima disso se quiser realmente fazer alguma coisa pelo povo. Precisa colocar a cara a tapa e gastar tudo o que for necessário para que a população tenha dignidade em suas vidas, com emprego, alimentação, saúde, educação e tudo mais o que deveria ter. Tudo isso, evidentemente, irá causar um embate, aumentando a tensão e o choque entre Lula e os especuladores.
A burguesia financeira tem o poder de controlar o mercado. Assim como faz agora com qualquer declaração minimamente contrária à sua política que saia da boca de Lula, ela fará com que a bolsa caia e o dólar suba em proporções monumentais caso isso se faça necessário.
Uma das medidas possíveis seria parar de pagar a dívida pública para que o governo tenha dinheiro o suficiente para gastar com o povo — isso, entretanto, causaria uma instabilidade completa, uma vez que toda a economia é controlada pela burguesia. O chamado “mercado”pode sabotar a economia de todas as formas possíveis, retirando investimentos, sabotando o sistema bancário ou mesmo manipulando o mercado financeiro.
A medida, entretanto, não é impossível. Exige, na realidade, algo fundamental quando estamos tratando de políticas sociais e medidas para a população: a estatização, mais especificamente, do sistema financeiro. Essa é a única medida que pode solucionar de uma vez por todas essa questão de o governo ser refém dos especuladores. A estatização do sistema financeiro é algo fundamental, o que é provado por toda a situação descrita acima.
Sem ele, Lula poderia não só retirar uma quantia do Teto de Gastos, mas aboli-lo completamente sem que os vampiros capitalistas, assim como os economistas neoliberais e a imprensa burguesa, conseguissem efetivamente fazer algum tipo de pressão significativa no governo, uma vez que, por mais que falassem mal das medidas, não poderiam, efetivamente, ter o poder de controlar a situação.
É preciso deixar esse antro de tubarões capitalistas sob o controle do Estado, anulando seus poderes de sabotarem o governo e de manipular o mercado para conseguir o que querem.