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“Estado, aja!”: o grito desesperado da esquerda pequeno-burguesa

Luciana Genro, do PSOL, quer opor o Estado a um movimento de rua pedindo investigação, julgamento e punição para Bolsonaro e bolsonaristas

A ex-candidata à presidente pelo PSOL, Luciana Genro, publicou um artigo exigindo que o Estado capitalista faça frente às manifestações bolsonaristas. Em resumo, que o aparato estatal que pariu Bolsonaro e a classe social que o acolheu e impulsionou nas últimas eleições façam algo a respeito do problema que eles mesmos criaram.

Em “Bolsonarismo: investigar, julgar e punir” (Portal Sul 21, 4/11/22), Luciana Genro afirma que é preciso fazê-lo, pois “não se pode normalizar a barbárie, o autoritarismo, o discurso de ódio, os pedidos de golpe militar e as saudações nazistas”. Ora, quem pode “investigar, julgar e punir”? Somente o Estado capitalista. É, mais uma vez na história, um caso em que a esquerda pequeno-burguesa, completamente impotente diante da burguesia, recorre ao Estado burguês para resolver os problemas criados pela própria burguesia.

Genro ignora a relação entre o que ela julga ser um aliado com aquilo que pretende combater. Para ela, “Bolsonaro foi derrotado. Mesmo com toda a utilização da máquina pública a seu favor, cujo ápice foram os bloqueios da PRF no dia da eleição. Mesmo com boa parte da patronal chantageando seus empregados. Mesmo com a enxurrada de fake news. Mesmo com os púlpitos das igrejas virando palanques bolsonaristas.” 

Quem pode “julgar e punir”, como ela reivindica, são os mesmos que permitiram que tudo isso ocorresse. São instituições como o Congresso Nacional e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) presidido pelo ministro Alexandre de Moraes, que nada fizeram diante da compra de votos por meio da derrama de dinheiro dos cofres públicos promovida por Bolsonaro. Que se calaram quando a Polícia Rodoviária Federal tentou controlar o resultado das eleições bloqueando estradas. Que se mostraram absolutamente impotentes diante da coação eleitoral promovida pelos patrões bolsonaristas, etc.. 

Se a direita levantar a cabeça…

… ela será cortada. Assim esperavam os nacionalistas burgueses derrubados pelo golpe militar de 1964. Assim pensavam também os esquerdistas pequenos-burgueses do PCB de então. Assim espera Luciana Genro. É isso, e somente isso, que pode significar o pedido para que Bolsonaro e as manifestações bolsonaristas sejam investigadas, julgadas e punidas. É como se dissesse: “Estado, aja! Corte a cabeça dos bolsonaristas… porque nós não temos a menor condição de fazê-lo”.

O Estado burguês, de quem ela reivindica uma ação contra os bolsonaristas, não agiu e não agirá em defesa da democracia, nem ontem, nem hoje, nem nunca. Essa democracia é apenas uma forma sob a qual a burguesia exerce sua ditadura contra o povo. Não está aí para ser usada para a esquerda pequeno-burguesa satisfazer a sua completa impotência diante da burguesia e da extrema-direita.

A ditadura surgida do golpe de 64 poderia ter sido evitada se os intentos golpistas tivessem sido combatidos a tempo, se a classe operária tivesse sido mobilizada por suas organizações, sindicatos e partidos de esquerda, se a cabeça dos militares tivesse sido cortada pelas massas oprimidas.

Como, para ela, a solução está no Estado, e não no povo e nas suas próprias organizações de luta, cabe apenas lamentar que os golpistas de 64 tenham agido e permanecido impunes depois da queda da ditadura: “O Brasil não fez como deveria a persecução penal e a responsabilização dos políticos e agentes públicos que agiram criminosamente durante a ditadura. Este foi, sem dúvida, um dos elementos que permitiram prosperar uma extrema-direita golpista, reacionária, violenta e autoritária”, disse. Ou seja, o Estado não agiu.

Ela ignora que, uma vez que o golpe militar foi dado, a ditadura que durou 21 anos só acabou por conta do enorme movimento de massas que levantou a cabeça a partir da segunda metade dos anos 1970. A derrota deste movimento, colhida em 1985 com as “Diretas Já”, se deu justamente porque as organizações de massas e partidos de esquerda abriram mão de agir independentemente da burguesia e do Estado. A política de aliança com a burguesia e seu Estado não traz vantagem nenhuma e só pode levar a derrotas para as massas.

Mas a direita levantou a cabeça…

Para Genro, “as patéticas (sic) manifestações golpistas dos últimos dias” mostraram que “a derrota eleitoral não significa o fim do bolsonarismo”. Que bom que ela percebeu! Mas o que ela não entendeu é que a força do bolsonarismo está justamente na parcela da população representada por ele e que opor o Estado a esse movimento significa fortalecer e dar mais condições ao Estado para que este reprima também as manifestações de esquerda, do povo trabalhador, quando este for o caso.

Ela acredita que “o combate a esta vertente política que defende ditadura, discriminação a negros, LGBTs e mulheres, eliminação física da esquerda e de outros grupos divergentes precisará seguir” e que “o resultado eleitoral nos deixa em melhores condições para essa luta”. O que precisa ser feito? Genro dá a receita: “ É preciso investigar seus crimes [de Bolsonaro] e garantir que ele responda por tudo que fez (…) Jair Bolsonaro é responsável direto pelo estado de delinquência política instalado no país.. (…) Mas não apenas ele: todos os líderes nacionais e regionais que se envolveram em crimes devem ser investigados, da política à iniciativa privada, em um esforço que envolva o conjunto da sociedade e suas organizações.”

Pedir que o Estado investigue, julgue e puna um político ou um manifestante de extrema-direita pelo que disse ou fez é dar carta branca para que o mesmo Estado o faça contra políticos e manifestantes de esquerda e, consequentemente, contra todo o povo. Talvez essa mentalidade explique porque Luciana Genro foi uma das mais empenhadas defensoras da Operação Lava-Jato, que investigou, julgou e puniu Lula.

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