Assim como em 2010, quando o polvo Paul previu a queda da Alemanha na Copa do Mundo, as pesquisas eleitorais não foram as que mais acertaram neste ano de eleição presidencial. Possuindo uma margem de erro entre dois pontos e setenta e oito pontos percentuais, dependendo do candidato, os institutos de pesquisa já tinham seu decreto dado por uma pessoa que acerta mais do que eles: a vidente Cigana Sulamita.
“Estão enganando vocês”. Foram essas as proféticas palavras da cigana a respeito das pesquisas antes do primeiro turno. Não satisfeita em profetizar os erros das pesquisas, ela cravou, também, que a questão do DataFolha, IPEC e demais institutos não era um simples erro, mas, nas suas palavras, uma intenção de “fazer todo mundo de palhaço, pagando papel de trouxa”. “Não são confiáveis”, garantiu.
Cansada de mitar, ela voltou ao seu canal do YouTube hápoucos dias antes do segundo turno, trazendo novas profecias que foram vislumbradas em seu baralho de cartas: “Trevas vão usar qualquer arma para vencer a luz”.
Sem que as cartas especifiquem quem representa as trevas e quem representa a luz, a cigana garante que, “dependendo do resultado, teremos ou fome ou prosperidade”, alegando que será “o maior segundo turno da história” – seja lá o que isso quer dizer.
A popularidade da cigana Sulamita nos meios de comunicação burgueses, devido às suas previsões que vão de “um presidenciável vai morrer” até “Putin só vai parar quando matar o Zelensky”, mostra o nível despolitizado que a imprensa capitalista se encontra. Sites como UOL, Correio Braziliense e outros portais noticiaram a sua previsão de que as trevas usariam todas as armas para vencer a luz, destacando suas outras falas como uma oposição entre comunismo e cristianismo, acrescentando que “é uma guerra entre o bem e o mal.” Agindo como uma espécie de Mestre Yoda na formação de frases, a cigana continua: “caminham juntos, sim, política e espiritualidade”.
A mestre Jedi da espiritualidade garantiu que “se as pessoas forem em sua grande maioria despertas para a luz de fato, usando a inteligência também, não se permitindo ter a sua mente escravizada, aí a justiça será feita”. Fica difícil, porém, entender objetivamente o que ela está falando, mas o caráter confuso da sua visão revela uma questão que deveria, por sua vez, sair das trevas e vir para a luz: a confiabilidade das instituições.