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Bloqueios

Elite bolsonarista está contra os protestos dos caminhoneiros

Zema, Cláudio Castro, Rodrigo Garcia e até mesmo Bolsonaro se manifestaram contra os bloqueios

Um dos fatos que têm repercutido bastante no cenário político nos últimos dias foi a paralisação de diversas estradas em todo o País por diversos caminhoneiros que apoiam o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), e que protestam contra o resultado das eleições no último domingo (30), que elegeram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o seu terceiro mandato como Chefe de Estado no Brasil.

O fato de a mobilização estar acontecendo durante um período de grande polarização no Brasil faz com que o movimento se radicalize e passe uma impressão de grande ato político a favor de Bolsonaro e, portanto, com apoio da direita e até mesmo de setores da burguesia — pelo menos é essa a impressão passada pela esquerda.

A esquerda imediatamente entrou em parafuso com essa questão e encarnou o espírito da histeria, resultando até mesmo em situações como a vista com Guilherme Boulos, parlamentar do PSOL e dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto, que ordenou que o movimento fosse às ruas para dispersar as manifestações dos caminhoneiros, ou seja, para reprimi-las, assim como a polícia vem fazendo.

A histeria foi tanta que a esquerda, mais uma vez, apelou para figuras do judiciários, como Alexandre de Moraes e o Supremo Tribunal Federal, para punir uma manifestação, além de exigir que a polícia de fato fizesse um trabalho de repressão, além de, inclusive, chamar os manifestantes de terroristas.

Alguns fatores estão claramente sendo ignorados pela esquerda, como, por exemplo, o fato de que a direita, inclusive a direita bolsonarista, não tem dado apoio aos protestos devido ao caráter que estes estão tomando. Um dos fatos que mais evidenciam isso é que governadores como Zema (NOVO-MG), Cláudio Castro (PL-RJ), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Rodrigo Garcia (PSDB-SP), representantes natos da direita e aliados de Bolsonaro, enviaram a polícia para reprimir os bloqueios custe o que custar.

Outro fator é que o próprio Bolsonaro, em seu discurso-relâmpago na última terça-feira (01), afirmou que, apesar de agradecer o apoio dos eleitores, os protestos não deveriam ocorrer daquela maneira, uma “baderna” ao qual igualou com os métodos da esquerda, ou seja, condenando os bloqueios, uma vez que estes prejudicam diversos comércios e o funcionamento geral de uma cidade ou um estado.

Isso faz com que a posição da esquerda seja ainda mais ridícula. Como pode acusar de “terrorismo” a atividade de bloqueio, algo realizada corretamente por ela mesma quando existem reivindicações a serem exigidas do Estado? Uma confusão possível é justamente a de que os caminhoneiros não estariam exigindo nada, mas só tentando “dar um golpe” ou fazendo atos inconstitucionais.

Esse pensamento é errado na medida em que os bolsonaristas, apesar de estarem entre setores da pequena-burguesia e da classe média, ainda possuem reivindicações justas e que não podem simplesmente serem ignoradas e reprimidas. Um dos principais medos dessas pessoas é justamente perder os benefícios ganhos durante o governo Bolsonaro, mesmo que alguns deles nem mesmo tenham acontecido, como a baixa do preço do diesel.

Tudo isso significa que, no fim das contas, a manifestação tem um caráter reacionário, mas sua repressão, inclusive por parte da direita, é indevida e só irá piorar a situação. Algumas fontes afirmam inclusive que representantes do agronegócio estariam financiando setores da manifestação, o que, sendo verdade ou não, não irá passar por cima dos políticos coligados há anos com a burguesia nacional e internacional, como Rodrigo Garcia, Cláudio Castro, Zema e até mesmo o próprio Bolsonaro.

A esquerda precisa parar com essa histeria e entender que, no meio dos diversos setores misturados nos bloqueios, uma parte são trabalhadores preocupados com a sua situação. Parte dessa preocupação faz parte da propaganda bolsonarista e até mesmo burguesa, nos meios de comunicação como Folha, Estadão e Globo, as quais vivem batendo no PT, no Lula e em seus governos, colocando-os como demônios perante ao povo brasileiro.

Ao invés de fazer o papel da direita e pedir por repressão — a imprensa tem, inclusive, chamado esses manifestantes de golpistas abertamente — a esquerda precisa reconhecer que este é um movimento confuso e que precisa ser esclarecido. Chegar com violência só iria criar ainda mais resistência na cabeça dessas pessoas a entenderem que Lula não é uma ameaça, e que seu verdadeiro inimigo é Bolsonaro.

Esse é um trabalho que deveria ter sido feito durante a campanha eleitoral. A falta de campanha do PT e da esquerda de maneira geral a favor do Lula foi um fator determinante no resultado apertado obtido durante as eleições, fazendo com que nem mesmo as “fake news”, a qual a esquerda reclama tanto, fossem devidamente desmentidas. A campanha era fundamental para o esclarecimento do povo brasileiro sobre diversas questões, limpando sua cabeça dos anos de manipulação da imprensa golpista.

De qualquer forma, é importante entender que esse é um movimento reacionário, porém com um fundo popular e que não pode ser simplesmente reprimido. Essa é uma política da direita, a qual, por sinal, já está providenciando essa repressão, com direito a bombas de efeito moral e spray de pimenta.

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