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Ascânio Rubi

Ascânio Rubi é um trabalhador autodidata, que gosta de ler e de pensar. Os amigos me dizem que sou fisicamente parecido com certo “velho barbudo” de quem tomo emprestada a foto ao lado.

Engambelação

Eleição é guerra: fora, golpistas da 3ª via

Lula tem de dizer o que pensa e explicar a povo que estamos sob golpe, quem deu o golpe e por quê.

Pior que o debate da Band entre os presidenciáveis foi mesmo a sua tradução no dialeto “jornalo-burguês”, segundo a qual a candidata do latifúndio, Simone Tebet, teria sido a grande “vencedora”. Amparada por Ciro Gomes, na tabelinha com a ex-aluna Soraya Thronicke (da União Brasil, antigo DEM) e com um alucinado Felipe Dávila (do Partido Novo, cujas ideias desmentem o próprio nome), a fazendeira posou de feminista cheia de boas intenções.

Ninguém entendeu ainda os critérios dos promotores do espetáculo – Band, Folha de São Paulo, TV Cultura – para chamar dois nanicos de extrema direita (Soraya, a “senadora do Bolsonaro” por Mato Grosso do Sul, eleita em 2018, e Felipe, o boneco de filme de terror que declarou um patrimônio de R$ 24,6 milhões) e nenhum dos candidatos de partidos pequenos de esquerda. Fato é que Lula enfrentou sozinho os cinco adversários.

Infelizmente, talvez por orientação dos organizadores da “campanha do amor”, Lula não mostrou energia para combater essa corja de golpistas. Proibido pelas feministas identitárias de usar a palavra “tesão”, sua campanha vem brochando a olhos vistos. Seria bom que, depois dos afagos em Ciro e Simone, que lhe foram respondidos com acusações de corrupção iguais às feitas por Bolsonaro, Lula percebesse que a autodenominada “terceira via” é o seu maior inimigo, o qual, aliás, desprezou o seu “amor” em rede nacional.

Não seria em minguados 45 segundos de um “direito de resposta” em debate de cinco contra um que Lula conseguiria explicar por que foi preso e, sobretudo, esclarecer à população que estamos sob o golpe de 2016 até agora. Toda a movimentação de apoio às instituições e à tal da democracia, com cartas de juristas, empresários e afins, visa a garantir que o golpe de 2016 continue navegando em seu curso.

Bolsonaro foi útil em 2018 para que o golpe não afundasse. Com seu apelo popular, somado à prisão de Lula e à campanha diuturna da imprensa contra o PT, ele se elegeu e assumiu o poder como representante dos interesses da burguesia, assegurados por Paulo Guedes e, num primeiro momento, por Sergio Moro.

Seu palavrório vazio e aparentemente gratuito contra negros, mulheres e homossexuais parece ter sido uma tática para levar a esquerda de vez para o identitarismo. Instada a responder aos seus ataques verbais desferidos contra esses grupos, a esquerda se deslocou de vez para uma política de direita, que favorece o imperialismo. Os golpistas devem a Bolsonaro essa grande contribuição ao projeto de esmagamento da esquerda.

A turma de Biden, por sua vez, não quer nem Bolsonaro nem Lula, este muito menos que aquele. O Tio Sam está de olho na Amazônia, tema que nem foi mencionado no debate televisivo, no qual também pouparam Tebet de se posicionar sobre a matança de indígenas no seu Mato Grosso do Sul.

O espetáculo engana-trouxa foi armado para, em sequência à entrevista de Simone Tebet ao Jornal Nacional, da Rede Globo, dois dias antes, trazer o tema da mulher como carro-chefe da eleição. Estarão os latifundiários, a Rede Globo, a Band ou a Folha de São Paulo interessados na emancipação da mulher?

Na entrevista do Jornal Nacional, insistiram em perguntar a Simone Tebet por que foi tão difícil unificar o partido em torno do seu nome. A pergunta, aparentemente inócua, era o gancho para ela construir seu enredo de heroína do feminismo, que teve de enfrentar o machismo estrutural (aquele machismo que vem no DNA, do qual ninguém tem culpa) que afeta até o partido “mais ético” (sic) do Brasil. Segundo ela disse, “tentaram puxar o seu tapete” dentro do MDB, mas ela venceu!

No debate da Band, houve insistência nessa temática, com direito a jornalista da Folha, treinada no identitarismo de ocasião, cobrar do Lula a promessa de um ministério paritário entre homens e mulheres. A resposta negativa rendeu manchete no jornal, que dialogava com a da resposta dura de Bolsonaro à repórter tucana Vera Magalhães, chamada por ele de “vergonha do jornalismo brasileiro”. Em suma, Lula e Bolsonaro, os machistas, contra Simone, a “mulher”.

O debate se resumiu a reciclarem o tema da corrupção para abater Lula e a enaltecerem a mulher (de direita) na política. Ao que parece, ninguém se lembra de que o Brasil, apesar do propalado “machismo estrutural”, elegeu duas vezes seguidas uma presidenta, que era do PT, indicada ao cargo pelo próprio Lula. Hoje, a Folha de São Paulo cobra de Lula promessas identitário-eleitoreiras em prol da mulher, mas, quando Dilma foi eleita, a redação do jornal foi proibida de usar no noticiário o termo “presidenta”, recusando ao conjunto das mulheres a flexão de gênero da palavra, coisa que se viu na imprensa burguesa como um todo.

Parece claro como água que a política identitária é uma engambelação a serviço da direita, mas sabe-se lá o que o Lula andou lendo nos dois anos de cárcere. Seria bom que ele voltasse a ser ele mesmo, que dissesse o que pensa e que, sobretudo, explicasse à população com todas as letras que estamos sob golpe, quem deu o golpe e por quê.

O povo brasileiro precisa do Lula real, um cara que fale grosso com os golpistas traidores do povo, não de um Lula “detox”, desprovido do seu “tesão”. Que nos perdoem o mau jeito as Senhoras Católicas e as feministas identitárias que porventura nos leiam, mas a hora é de deixar a campanha da fraternidade para a Igreja e ir à guerra.

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