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Nada de governo com golpistas

Edinho quer suicídio político de Lula: “Tem que convidar o PSDB”

Para combater as tendencias golpistas da direita é preciso, primeiro, isolar o PSDB

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT-SP) defende que Lula (PT) faça um governo em conjunto com o PSDB e com as forças golpistas, defende a censura aos movimentos de rua bolsonaristas e ainda diz que Lula apenas venceu por uma “ampla frente democrática”. A entrevista é mais uma demonstração da confusão presente em setores do PT em meio à ampla campanha da burguesia para domesticar o novo governo antes mesmo que ele assuma.

O mito da frente ampla

Não é verdade que Lula foi eleito por uma “frente ampla”, isto é, por uma frente onde a direita e os setores da burguesia e do grande capital, a chamada terceira via, tiveram um papel fundamental.  A tese é apresentada da seguinte forma pelo prefeito de Araraquara: 

Obtivemos uma vitória eleitoral, mas ainda não obtivemos uma vitória política, derrotando politicamente esses valores nazistas e alguns dos valores, inclusive, inspirados no fascismo. Então, temos que construir um arco de alianças que dê condições para que Lula efetivamente governe o Brasil e isole esses sentimentos nocivos à sociedade brasileira, ao mundo.

A vitória eleitoral é uma vitória política, estes setores que ele apresenta como setores que poderiam ajudar a “isolar” o bolsonarismo são, na verdade, cúmplices do bolsonarismo e isso ficou claro durante a eleição.

Lula foi atacado pela imprensa durante todo o período eleitoral, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fez vista grossa para a maior parte dos mal-feitos de Jair Bolsonaro (PL), os especuladores e o STF (Supremo Tribunal Federal), permitiram que Bolsonaro derramasse R$ 200 bilhões em benefícios à população às vésperas da eleição, bem como deixaram correr, de forma impune, todos os milhares de casos de coação eleitoral, onde os proprietários das empresas obrigavam o trabalhador a votar em Jair Bolsonaro. 

Entre o primeiro e o segundo turno das eleições, Lula ganhou pouco mais de 2 milhões de votos, o presidente derrotado ganhou 7,2 milhões de votos. Os setores da direita que supostamente teriam apoiado Lula tiveram quase 10 milhões de votos no primeiro turno, mais de 70% dos eleitores da terceira via bandearam para a extrema direita.  É bastante claro que o eleitorado da chamada “terceira via” que teria apoiado Lula bandeou quase que integralmente para Jair Bolsonaro. 

Lula venceu pela participação massiva do povo trabalhador na eleição. Sua votação no Nordeste e no Norte baixou em comparação às eleições passadas, ainda que ele tenha vencido no Nordeste. Os setores que conseguiram virar o jogo para Lula, impedir o total colapso da candidatura, foi a classe trabalhadora industrial de cidades como São Paulo e Porto Alegre. Em 2018, quando Bolsonaro foi eleito, ele venceu em todas as cidades de São Paulo, exceto 14 pequenos municípios. Desta vez, Lula ganhou em várias cidades de S. Paulo e venceu a eleição na região metropolitana do Estado, que concentra metade da população do Estado. Mesmo na cidade de S. Paulo, os bairros onde a terceira via teve sua melhor votação, foram todos para Bolsonaro no segundo turno, Lula ganhou com o voto das periferias. Não foi a frente ampla, não foram os “mercados”, a vitória é devida ao trabalhador.

O mito do acordo com a direita para “isolar” Bolsonaro

O ex-prefeito apresenta uma ideia, também não sustentada nos fatos, de que seria necessário fazer um acordo com o PSDB e os setores da terceira via para poder isolar os “extremistas” do bolsonarismo.  Esta é uma ideia absurda. Os setores que ele cita tiveram menos de 10% dos votos, Simone Tebet teve míseros 4%, que migraram em sua maioria para Bolsonaro. Não será com eles que se isolará os quase 50% da população que votaram em Bolsonaro. Nem é possível “isolar” esta quantidade de pessoas. Para derrotar o bolsonarismo é preciso travar um combate pela consciência dos trabalhadores e setores populares, pobres, que votaram em Bolsonaro. É com eles que temos que falar. Para conseguir falar com eles, é preciso entender o que move o bolsonarismo, as razões da sua ascensão. Um primeiro e importante fato é que o bolsonarismo existe justamente pelo descontentamento de amplos setores da população com o sistema político, com o regime de conjunto, e, no caso dos ideologicamente direitistas, por um repúdio gigantesco do PSDB e dos partidos que Edinho defende que entrem no governo.

Bolsonaro fez da luta contra o sistema, um cavalo de batalha, fez o mesmo com a soberania nacional, a defesa das liberdades e outras coisas que são queridas ao povo trabalhador. Enquanto o governo Lula tentar parecer como uma parte deste sistema, estará alimentando o bolsonarismo. No momento em que Lula romper abertamente com ele, e mobilizar o povo, estará, de fato, isolando o bolsonarismo.

PSDB no governo: uma tentativa de atentado contra o futuro governo Lula

Ao ser perguntado pelo jornal se o PSDB deveria ser convidado, o ex-prefeito respondeu que sim. Este é um grave erro. O PSDB é um dos represetantes do capital financeiro internacional e é visto por amplas camadas da população como o responsável pela austeridade, pelos ataques aos direitos do povo durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Soa quase como uma provocação. Trazê-los para perto seria uma potente munição dada à extrema direita para atirar contra o governo. Trazer estas cobras para dentro do governo também terá o efeito de reciclá-los para uma parte da população que os odeia. Por último, mas não menos importante, embarcar o PSDB no governo poderá dá-los uma posição especial para organizar um golpe de Estado contra o novo governo, não ajudarão e poderão causar um estrago gigantesco. 

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