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E a reforma agrária, MST?

Nota do MST substitui luta pela terra por generalidades identitárias

Quando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) foi criado em 1984, num Brasil tomado por uma grande mobilização operária e popular, a luta pela reforma agrária estava na ordem do dia. Não havia dúvida de que, no campo, a luta era acabar com o latifúndio.

Na esteira dessa grande mobilização dos anos 80, o MST cresceu e se tornou o maior movimento social do mundo, sendo, inclusive, exemplo para os camponeses de outros países e objeto de teses acadêmicas sobre “novas formas de organização dos trabalhadores” ─ não passava de especulação, mas fato é que o MST, junto com o PT e a CUT, ainda é um instrumento fundamental na mobilização dos trabalhadores.

Passados quase 40 anos, o MST continua sendo uma das organizações mais importantes do País e a reforma agrária continua sendo uma reivindicação fundamental dos trabalhadores brasileiros. Os novos tempos, que não fizeram bem para a esquerda, infiltrada por ideias imperialistas como a ecologia e o identitarismo, também não fizeram bem ao MST.

A importância do MST é a mesma, assim como sua base social, mas a direção está contaminada por ideias que acabam distanciando o movimento de sua luta central pela reforma agrária.

Em uma “Carta aberta ao povo brasileiro”, publicada em 29 de novembro e direcionada ao novo governo Lula, o MST fala de tudo, mas quase não cita a expressão reforma agrária, tampouco a luta pela terra. Há, ali, um amontoado de ideias que não têm relação direta com a reforma agrária e algumas que entram em contradição com ela. “Defendemos o desmatamento zero. Não precisamos derrubar mais nenhuma arvore”, afirma a nota.

Chama muito a atenção que uma organização do campo tenha como seu programa por princípio o “desmatamento zero”, “não derrubar nenhuma árvore”. Antes de se preocupar se o governo vai derrubar árvores ou não, o MST deveria estar preocupado com que exista terras para que os camponeses possam produzir e que essas terras efetivamente sejam produtivas.

Essa ideia de que não se vai desmatar nada em nome de uma ecologia abstrata é uma ideia importada do imperialismo. Os países mais ricos devastaram sua natureza e agora exigem dos países pobres que não desmatem nada.

A preocupação do imperialismo, no entanto, não é com a ecologia. Seria ingenuidade acreditar que os grandes monopólios imperialistas querem preservar a natureza. Aqui há dois problemas fundamentais: o primeiro é o de que, ao introduzir a ideologia ecológica nos países atrasados, o imperialismo está impedindo o desenvolvimento desses países e consequentemente a possibilidade, ainda que remota, de uma concorrência internacional; segundo, o imperialismo quer as reservas dos países atrasados prontas para que ele mesmo possa explorá-las, por meio da espoliação econômica desses países.

A direção do MST não percebe, mas ao defender o “desmatamento zero” está assinando embaixo de uma política pró-imperialista, contra o desenvolvimento do Brasil.

Essas ideias moderadas da nota do MST têm relação com a política moderada de sua própria direção ao elogiar a aliança do PT com parte da direita golpista nas eleições: “Essa vitória foi fruto de uma ampla aliança social de todas as forças progressistas e, certamente, marcará também um governo de Frente Ampla, com os mais diversos setores ai representados.”

A direção do MST faz apologia à frente ampla, chamando os setores da direita de progressistas. Essa política leva o movimento a uma adaptação total à política de conciliação. Por isso, na nota, não há um chamado claro para uma mobilização.

A vitória de Lula exige, não o elogio da conciliação, mas um amplo chamado à mobilização dos trabalhadores do campo para garantir a reforma agrária. O futuro governo Lula terá que contar com a pressão dos movimentos de massas para garantir as reivindicações do povo. O próprio João Pedro Stédile, dirigente do MST, havia publicado um vídeo em que afirmava a importância da mobilização a partir de agora. A nota, no entanto, não reflete essa política.

A nota cita a reforma agrária apenas no final. Parece abandonar aquela que é a reivindicação central do movimento e condição essencial para o desenvolvimento do povo brasileiro. A reforma agrária, inclusive, não é uma reivindicação apenas dos sem-terra, é uma condição para o desenvolvimento do País, uma palavra de ordem de todos os trabalhadores.

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