Em entrevista para a TV 247, Leonardo Attuch sabatinou o companheiro Rui Costa Pimenta a respeito da verdadeira história da Independência do Brasil. Entre as questões feitas pelo entrevistador, Attuch questionou Rui sobre a tentativa de setores da imprensa e da intelectualidade de menosprezar os heróis nacionais e a história da independência, especialmente Dom Pedro I. De acordo com o Presidente Nacional do Partido da Causa Operária (PCO), “Dom Pedro I foi uma peça crucial para a Independência“.
A história do Brasil é muito menos valorizada do que deveria. Além da história do Brasil não ser valorizada, é menosprezada e cada vez mais ridicularizada, distorcida e desmoralizada, a começar por importantes nomes como Dom Pedro I, que tem sido alvo dos ataques por parte da imprensa capitalista com auxílio imediato de intelectuais.
Na realidade, Dom Pedro deveria ser tratado como um herói brasileiro, pois ele foi um uma pessoa crucial na Independência. A presença de um príncipe de sangue real português não existia em nenhum outro lugar do mundo, em colônias de língua portuguesa, o que reforça a importância geográfica do território brasileiro e suas potencialidades, sempre menosprezadas por historiadores, consciente ou inconscientemente a serviço do imperialismo.
Dom Pedro, ao contrário do que muita gente pensa, era um Liberal, admirador de Napoleão e da Revolução Francesa, além de ter defendido a Monarquia Constitucional. Era um homem bastante avançado para época que, ao mesmo tempo, possuía características que garantiam a ele maior autoridade.
Dom Pedro I tomou a atitude de pensar a primeira constituição, além de ter sido um líder militar. Graças a ele, as tropas portuguesas e brasileiras aderiram à Independência Nacional, ou seja, foi a pessoa chave da Independência. Evidentemente que muita gente participou desse processo, mas Dom Pedro I foi o grande líder da Independência e a historiografia brasileira sempre reconheceu isso antes da década de 1930.
Dom Pedro I e a Imperatriz Leopoldina eram muito jovens, e o ardor da juventude, o idealismo em fazer a independência de forma pragmática, foram elementos decisivos para tamanho empreendimento, fazendo da independência uma grande epopeia que fez com que o Brasil se tornasse, definitivamente, um país centralizado territorialmente. Tudo isso diante de um período de profunda fragmentação na América Latina, com a tentativa de tomada do poder por potências imperiais como o Reino Unido.
À época dos acontecimentos, os jovens Pedro e Leopoldina foram profundamente influenciados pelo Romantismo, movimento literário de grande intensidade, ao mesmo tempo que eram conscientes politicamente. Conseguiram dar o tom da libertação do País e evitar a fragmentação nacional, estabelecendo a Constituição, a língua e as condições iniciais para o desenvolvimento nacional.
Por trás do revisionismo, os intelectuais
Com a Proclamação da República, a intelectualidade brasileira iniciou um processo de revisionismo histórico intenso, a fim de desmoralizar a Monarquia. Tais intelectuais passaram a incorporar valores do imperialismo, que emergia, e criaram uma nova história nacional, a fim de favorecer cada vez mais as potências estrangeiras. Esse movimento de revisionismo, progressivamente, vai levando diversos setores a estabelecer uma concepção crítica da independência, considerando o atraso do Brasil em relação aos Estados Unidos, principalmente.
Além das tradicionais chacotas ao Imperador Soldado, as teses elaboradas desde Sérgio Buarque de Holanda (entre outros autores) foram fundamentadas em comparação ao avanço dos Estados Unidos, procurando demonstrar não apenas as “injustiças sociais” mas, sobretudo, as razões do suposto fracasso nacional. As teses de ordem culturalistas, que procuram ressaltar o papel da cultura na explicação do conjunto da sociedade, tiveram um papel histórico de depreciar o Brasil e facilitar a dominação imperialista.
Mitologias sobre o Brasil, como a tese do “homem cordial”, onde é evocada uma série de características negativas dos brasileiros, circularam pelo mundo e ainda servem como espelho para a própria intelectualidade voltar suas teses contra o Brasil. Essas teses se popularizaram e se alastraram com grande velocidade e se enraízam na mentalidade do povo como se os problemas brasileiros fossem problemas relativos à falhas de caráter; corruptibilidade; malandragem; preguiça; afetividade; sexualidade etc.
O Positivismo da Primeira República acabou também por difundir teses relacionadas à questão da raça, que foram rapidamente difundidas. No choque de intelectuais que visavam combater essas ideologias, também ficaram reclusos e reféns do tema da Escravidão, chegando nos dias de hoje em sua forma identitária da teoria do “racismo estrutural”.
Assistam a entrevista completa do companheiro Rui Costa Pimenta logo abaixo: