Neste final de semana, a rede Bandeirantes realizou uma série de debates entre candidatos ao Governo Estadual de diversos estados do Brasil. Um deles, todavia, chamou especial a atenção da imprensa progressista, que viu nele um reflexo claro da direitização da esquerda nacional: o de São Paulo.
De maneira geral, o debate seguiu os moldes do processo eleitoreiro burguês: uma pregação de promessas vazias, jogo de compadre entre a direita, exaltação de supostas conquistas de governos passados, entre outras bravatas que, na realidade, não significam nada.
Outro fator que condiz com a campanha da burguesia no resto do País foi a gritante demagogia com a situação da mulher no Brasil. Como verdadeiros “feministos”, candidatos da direita tradicional (PSDB, Novo etc.), os principais responsáveis pela miséria das mulheres, realizaram intervenções que, aos olhos dos incautos, poderiam soar genuínas. Mas, não passaram de palavras ao vento, assim como é a campanha da Terceira Via de Simone Tebet.
Entretanto, chama a atenção o fato de que o debate foi profundamente desbalanceado contra a esquerda que, na ocasião, estaria sendo representada pelo PDT e pelo PT. A Band encheu o auditório com fãs do candidato do PSDB que, a qualquer momento, atrapalhavam o debate. Sem contar na clara exclusão de demais partidos de esquerda, como o próprio PCO, do debate.
Ademais, houve uma operação para desmoralizar o candidato do PT, Fernando Haddad, por meio de uma campanha extremamente reacionária aos moldes da “luta contra a corrupção” levada adiante pelas operações farsescas da Lava Jato e do Mensalão.
Em determinado momento, por exemplo, o candidato do partido Novo, chamou Lula – que não estava no debate – de “ladrão” e “ex-presidiário”, indagando a Haddad se ele “vai continuar defendendo bandido”. O tucano que governa São Paulo agora, após a revoada de Dória, ainda procurou culpar o PT por toda a crise pela qual passa o Brasil neste momento.
Frente a esses ataques, é óbvio que qualquer um preocupado com a situação defenderia seu próprio partido, bem como a figura política mais importante para os trabalhadores no Brasil, que é Lula. Entretanto, o que fez Haddad? Nada.
Haddad se limitou a ressaltar medidas feitas pelo seu próprio governo, ignorando completamente as alegações fraudulentas contra Lula e o PT. Chegou, inclusive, em determinado momento, a afirmar que “tem empresas que podem e devem ser privatizadas”.
Ou seja, temos aqui uma clara demonstração da profunda direitização pela qual o PT está passando. Haddad sempre representou a ala direita do PT, nisso não há dúvidas, mas chegou ao ponto de que em todo o debate, ele não mencionou o nome de Lula uma única vez. Enquanto isso, seus adversários atacavam ferozmente o ex-presidente.
Finalmente, a campanha de toda a esquerda deve ter como centro a luta por Lula Presidente. Afinal, o Brasil ainda passa por um golpe e, nesse momento, a única figura que pode mobilizar o povo em torno de uma grande luta contra o imperialismo é Lula.