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Avanço da extrema-direita

Crise política pode levar extrema-direita ao governo na Itália

Com a crise geral do imperialismo e ausência da esquerda, a extrema-direita tem avançado no cenário político e pode chegar ao poder na Itália

Parlamento Italiano

O que está ocorrendo na Itália, a extrema-direita chegando ao poder, não é um fato isolado, é um fenômeno que só pode ser compreendido dentro de um cenário mais amplo, o da crise geral do capitalismo, que afeta a Europa como um todo (veja-se a França), EUA e até mesmo o Brasil, onde o bolsonarismo tem fincado raízes.

O desgaste capitalista apareceu com força em 2008 com a crise do subprime, fruto de uma jogatina financeira desenfreada, onde um único dólar servia para lastrear outros trinta dólares, até que a bolha estourou. Os governos do mundo todo despejaram trilhões de dinheiro público no mercado, estatizaram as dívidas dos bancos e a crise foi, de certo modo, controlada. Há quem afirme que não foi superada, mas atenuada.

Avançando para os dias atuais, o grande detonador, ou revelador, da crise do imperialismo foi a derrota dos EUA/Otan no Afeganistão em agosto de 2021. A perda desse país fez abrir uma crise interna no capitalismo, com a UE criticando o governo Biden por abandonar a última posição importante que tinham na Ásia Central.

Apesar de ferido, o imperialismo não pode parar de agir, e logo tentou uma jogada com a proposta de incluir a Ucrânia na Otan, o que disparou uma resposta inesperada da Rússia que, diante do perigo de ter mísseis atômicos instalados a seis minutos de Moscou, iniciou uma operação especial na Ucrânia.

O imperialismo, como de costume, tratou de sancionar o gás e o petróleo russos, o rublo caiu, mas rapidamente se recuperou; a Rússia diminuiu o fornecimento dos combustíveis para Europa, o que fez o preço dessas commodities disparar. O resultado foi o rublo se recuperar rapidamente, e o fracasso das sanções se tornou outro fator de crise e divisão dentro do imperialismo.

A divisão interna do imperialismo

Os EUA têm forçado uma situação ruim na Europa, pois manter as sanções contra a Rússia significará o colapso de economias inteiras, ou deixar em péssimas condições países do próprio imperialismo, como Alemanha e Itália, que dependem muito do gás russo.

Por conta das sanções, a inflação tem disparado na Europa e em alguns países já supera 20%. Há uma previsão de que, com a chegada do inverno, as contas de luz tripliquem. Jornais já noticiaram que já existe muita gente no Velho Continente tendo que pular uma refeição para poder pagar as contas.

Embora a classe média alta apoie as medidas contra a Rússia, a maioria dos europeus não tem nada contra os russos, já percebem que estão entrando em uma briga que não lhes diz respeito. É uma briga do imperialismo americano utilizando a Ucrânia, em uma guerra por procuração, contra a Rússia.

No meio dessa briga, tem aumentado a pobreza na Europa e é aí que se abre o campo para a extrema-direita atuar.

Suécia

Nas recentes eleições suecas venceu uma coalizão de partidos de direita e extrema-direita, o que aumenta muito a influência desse setor no país que, ao contrário do que se acredita, não é nenhum paraíso na terra. Ali vigora bastante xenofobia e trabalhadores de outros países são malvistos.

A Suécia já serviu no passado como um modelo de bem-estar social e até de “socialismo”, muito embora a burguesia sueca não tenha dado nada de mão beijada para o proletariado, apenas agiu por medo da classe trabalhadora. Com o aumento da crise, agora recorre à extrema-direita como uma forma de manter seus privilégios.

Itália

Na Itália, o principal partido é o Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), um partido de extrema-direita, tipicamente fascista, muito parecido com o de Marine Le Pen, na França, que se originou diretamente do MSI (Movimento Social Italiano), um partido mussolinista que foi fundado logo depois da II Guerra e da derrota do fascismo.

Diante do colapso de partidos de esquerda, da direita tradicional e até mesmo alguns de extrema-direita, o Fratelli d’Italia acabou conquistando a liderança. O partido de Berlusconi, Força Itália, foi devorado pela situação política italiana. O Movimento Cinco Estrelas que chegou ao poder junto com o partido Liga do Norte, de extrema-direita, cujo secretário é Matteo Salvini, foram ambos engolidos pela crise. O Partido Democrático, que é o antigo partido comunista italiano, também está em séria fase de desaparecimento e apenas sobrevive devido às suas relações com os sindicatos.

A Itália é o país que mais reflete a verdadeira situação da Europa, onde estão se desagregando os partido do imperialismo europeu. O neoliberalismo, o aumento da pobreza, a importação de mão de obra estrangeira, estão levando à destruição dos principais partidos europeus. Isso revela o nível de fragilidade dos regimes políticos do continente.

Américas

Nos EUA a coisa não é diferente. Donald Trump, uma ovelha desgarrada, rejeitado até mesmo dentro de seu partido, o Republicano, está correndo parcialmente por fora e formando um movimento autônomo.

No Brasil, o bolsonarismo surgiu como um movimento que se apresentava como antissistema e, de plano B da burguesia, que não queria Lula no governo. O bolsonarismo fincou raízes e já formou uma base.

A esquerda

Uma das características de toda essa movimentação política é a ausência da esquerda que tem, não apenas recuado, mas se tornado cada vez mais direitista. Basta ver identitarismo que se apossou de movimentos sociais, e há ainda a cooptação direta de ONGs por parte do imperialismo que financia e domestica essas organizações.

O momento é propício para o crescimento da esquerda, mas isso não será possível se não nos livrarmos desses setores que estão impedindo o desenvolvimento da luta dos trabalhadores e propiciando o avanço da extrema-direita.

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