A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp passa por uma crise interna. Seu atual presidente, Josué Gomes, filho de José Alencar, que foi vice durante as presidências de Lula, estaria cotado por uma parte da equipe de transição para integrar algum cargo no novo governo, ao menos segundo a imprensa burguesa, como a presidência da Petrobrás ou o Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio (Mdic), a ser recriado. Isso, no entanto, não atesta caráter esquerdista algum ao empresário.
Na Fiesp, Josué sofre pressão de um setor liderado pelo ex-presidente da federação patronal, Paulo Skaf, que presidiu a Fiesp de 2004 a 2021, inclusive no período de destaque da organização a nível nacional, o golpe de 2016, com a notória campanha do pato amarelo, os atos na avenida Paulista com champanhe e filé sendo distribuído, e o metrô liberando as catracas. A Fiesp foi central em todo o processo golpista, junto à imprensa brasileira teve papel central no verdadeiro ataque contra o Brasil. Skaf é bolsonarista, e está marcada uma assembleia que pode retirar Josué Gomes do cargo.
O nome do atual presidente da Fiesp ser colocado pela imprensa burguesa, mesmo não tendo sido formalmente comentado, é indicação de que se trata de mais um membro da terceira-via, com ligações com o PSDB, e seria mais um infiltrado no governo Lula para miná-lo por dentro. O embate no interior da Fiesp ainda pode indicar uma tendência golpista mais imediata da burguesia, visto que a linha política de Paulo Skaf é vinculada a Jair Bolsonaro, e que ele, enquanto presidente da Fiesp, teve participação destacada no golpe de 2016, com a campanha levada a cabo a partir da eleição da presidenta Dilma Rousseff (PT) em 2014. A presidência da Fiesp, nesse sentido, é uma posição de destaque para uma campanha de ataque ao governo.
A coisa é mais um exemplo da campanha da imprensa, que propagandeia os nomes que busca infiltrar no governo Lula. Mesmo que não comentados formalmente, o Partido da Imprensa Golpista (PIG) vai atrás dos setores mais direitistas da campanha destacar suas posições, quase como se fossem oficiais. Trata-se de uma campanha da burguesia uma possível indicação de Josué Gomes para qualquer posição de destaque no governo eleito.
Vencendo a eleição por meio da mobilização popular, são os interesses dos trabalhadores a quem deve responder. Os empresários foram os responsáveis pelo golpe, organizado pelo imperialismo ao qual são subservientes. A campanha de destruição de direitos trabalhistas e das condições de vida da população foi levada a cabo por esse setor, que não pode, portanto, conciliar com os trabalhadores, a quem interessa enfrentar os interesses tanto do imperialismo como de seus serviçais dentro do Brasil, incluída aqui a Fiesp.
O governo precisa atender aos trabalhadores, e a cada passo, a burguesia irá buscar apresentar o máximo de resistência, com a possibilidade de uma campanha golpista. A PEC da Transição foi duramente atacada, e não corresponde nem de longe ao que o governo Lula precisará fazer para atender os trabalhadores. Após o golpe, para reerguer a economia, não há alternativa que não investimento estatal pesado na reindustrialização do país. Um enfrentamento direto com os banqueiros e o imperialismo, que mandam na burguesia nacional.